sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Eccho Valley


Com o apelo de trazer duas belas e talentosas atrizes de diferentes gerações, "Eccho Valley" se sustenta com um roteiro tensos, equilibrado entre revelações bombásticas, amparado no trabalho de um elenco ora funcional, ora básico que, na medida do possível, entrega um filme válido ao expectador que souber conter suas expectativas.

Julianne Moore é Kate Garrett, personagem às voltas com um cotidiano amargo, a sair de um período depressivo –não muito tempo atrás, ela perdeu a companheira, alguém por quem abandonou o casamento com Richard (Kyle McLachlan). O fruto de tal casamento é a jovem Claire (Sydney Sweeney, jovem estrela em ascensão, num papel que aparenta ser protagonista, mas que se revela quase uma coadjuvante), garota problemática, envolvida com drogas e companhias nada confiáveis.

Enquanto passa seus dias na fazenda de cavalos Eccho Valey, localizada no sul da Pensilvânia, dando aulas de equitação, e mantida financeiramente por Richard com cada vez mais relutância, Kate testemunha Claire ir e vir de sua vida sem maiores explicações. Quando Claire precisa de dinheiro ela aparece. Quando precisa de um celular novo, ou de qualquer outra coisa também; na sequência, ela retorna para a vida desregrada de sempre.

Numa dessas ocasiões, ela é seguida por Ryan (Edmund Donovan), seu namorado traficante, e por Jackie (Doomhall Gleeson), o perigoso fornecedor de drogas dele.

Embora os problemas, juntos desses personagens, sinalizem à distância com sua chegada, para o público, e até mesmo para a própria Kate, ela não evita sua aproximação –porque Claire é sua filha, e o fato de amá-la a torna conivente para com todos os seus lapsos.

As coisas começam a se complicar de verdade quando Claire aparece numa noite completamente abalada, afirmando ter matado Ryan acidentalmente –e deixado seu cadáver envolto em plástico dentro do carro!

O diretor Michael Pearce consegue construir um clima de tensão relativamente satisfatório e intenso durante toda a duração do filme, sua grande conquista é manter o público alheio às pontuais guinadas narrativas que começam a se suceder na segunda metade (algumas delas, muito bem-vindas), todavia, “Eccho Valley” está anos-luz de ser uma obra perfeita: Embora conte com intérpretes funcionais e competentes na maior parte do tempo (além dos já citados, temos também Fiona Shaw, de “Harry Potter e A Pedra Filosofal”, num papel fundamental), os personagens são construídos com um rigor que lhe drena todo o magnetismo, levando o expectador, na maior parte das situações esboçadas, a irritar-se com suas falhas, os exemplos mais usuais e frequentes são, claro, as protagonistas, a mãe conivente, muitas vezes omissa e repetidamente passiva de Julianne Moore, e a filha problemática, dissimulada, manipuladora e vitimista de Sydney Sweeney –o carisma e o encanto natural das duas atrizes por muito pouco sobrevive à essa dura prova de fogo!

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