segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A Estrada

Numa narrativa que parece incorporar muito da visão pós-apocalíptica de Michael Haneke em “Tempos de Lobo” testemunhamos um das mais esmeradas concepções realistas do fim do mundo –ainda que pouco dos motivos que o deflagraram sejam esboçados: Rios amarelados, a natureza em colapso absoluto, as cidades abandonadas, quando não devastadas (!), desolação e desesperança palpáveis no ar como uma névoa densa.
Pai e filho (Viggo Mortensen e Kodi Smith-McPhee, ambos extraordinários) singram os escombros de um mundo pós-apocalíptico no qual poucos indícios restaram de que houve outrora uma civilização.
Eles vasculham as ruínas em busca de qualquer tipo de comida (sempre escassa) e evitam a todo o custo contato com terceiros; as redondezas queimam em incêndios, e tudo foi reduzido a cinzas.
O pai busca manter intacta a índole do filho (para tanto inventou um ingênuo artifício sobre um "fogo" que a eles foi encarregado de zelar), e protegê-lo da ameaça sempre presente de gangues canibais, enquanto tem dolorosas lembranças da esposa –vivida apropriadamente pela bela e etérea Charlize Theron. 
O diretor australiano John Hillcoat conta, munido de impactante e significativo acabamento visual, uma parábola de sobrevivência onde os personagens anônimos de pai e filho buscam preservar um fiapo de humanidade, em meio a um mundo de desolação, canibalismo e tons monocromáticos.
Apoia-se, para isso, na estupenda interpretação de Viggo Mortensen e no igualmente impecável garotinho Kodi Smith-McPhee. Dois atores fora de série.

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