sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Sem Saída

Após conferir a beleza de Kelly Reilly em “Sra.Henderson Apresenta” era inevitável que eu fosse atrás de outros trabalhos dessa inglesa sensacional. Apesar de ser uma profissional muito atuante, ela é pouco conhecida, o quê restringe consideravelmente os filmes nos quais ela é protagonista, ou mesmo aqueles em que ela aparece por tempo suficiente.
É o caso do suspense "Eden Lake" ou, aqui no Brasil, “Sem Saída” –existem muitos outros filmes com esse título nacional, inclusive, um sucesso dos anos 1980 com Kevin Costner e Gene Hackman e uma aventura boba e juvenil com Taylor Lautner.
Aqui, Kelly interpreta Jenny, uma jovem professora londrina que, ao lado do namorado Steve (o competente Michael Fassbender, pouco antes da fama), sai para um passeio de fim de semana numa floresta afastada. Buscando certo isolamento, o casal deseja distância das pessoas, mas são importunados por um grupo de jovens desordeiros, filhos de moradores locais que ostentam aquela hostilidade ruralista que volta e meia o cinema gosta de retratar.
Nesse sentido, o filme de James Watkins persegue, em sua primeira meia hora de duração –mais voltada ao terror sugerido –uma semelhança com o clássico “Amargo Pesadelo”. E, tal e qual numa narrativa característica de filme de terror, testemunhamos os incautos protagonistas avançarem ignorantes para situações evidentes nas quais o desfecho será terrível.
Jenny e Steve têm seu carro roubado e ele decide então que é hora de confrontar os pivetes liderados pelo psicótico Brett (interpretado por Jack O’ Connell, que depois estrelou “Invencível”, dirigido por Angelina Jolie), mas as coisas saem rapidamente do controle e o filme progride para algo mais aflitivo e sanguinolento a medida que Jenny e Steve percebem que está numa situação em que devem lutar por sua sobrevivência.
Diretor e roteirista –e, portanto, num controle bastante abrangente do material –James Watkins administra coerentemente o drama humano, valorizando a caracterização do casal principal, em especial a mocinha (realmente, Kelly Reilly só precisa que um grande papel chegue para virar uma estrela), o quê estabelece um cumplicidade com o expectador e, em alguns casos, leva a torcer por um final diferente do que acaba acontecendo.
Sob esse viés, há algo de frustrante na escolha da direção em encerrar o filme: Quais teriam sido seus objetivos?
Mostrar a realidade nua e crua de uma tragédia plausível? Denunciar os excessos de pessoas inescrupulosas gerando uma indignação no expectador? Contrariar expectativas?
A mim, parece que nenhum desses... Watkins simplesmente terminou seu filme querendo chocar, diante da falta de idéias para um arremate mais satisfatório.
Acabou fazendo assim um exemplar do que se passou a chamar de pós-terror, onde os paradigmas habituais do gênero servem, em geral, a uma sondagem de natureza indicativamente psicológica e/ou sociológica para com seus protagonistas, mas que, neste caso, não se isenta de elementos inerentes a outros sub-gêneros, como o ‘torture-porn’ (do qual os exemplos mais relevantes são “O Albergue” e a série “Jogos Mortais”).
É bem feito e envolve o suficiente até seu terceiro ato, quando a narrativa por fim exige de seu realizador competência e habilidades reais, e então suas limitações ficam visíveis.

Mas, tem Fassbender que sempre faz seu trabalho valer a pena, e especialmente Kelly Reilly, aquele tipo de atriz bela, carismática e apaixonante em cuja companhia vale a pena passar duas de um filme que não chegou lá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário