quinta-feira, 12 de abril de 2018

Conan - O Destruidor

Pena que muito da equipe técnica de “Conan-OBárbaro” não tenha sido mantida nesta continuação, o quê culminou numa queda natural da qualidade: O próprio produtor, Dino de Laurentis, passou o bastão para sua filha, Rafaella, que se encarregou da produção –e os próprios cenários utilizados, sabe-se, foram sobras da produção de “Duna”.
Mesmo a trilha sonora, que permaneceu a cargo do grande Basil Poledouris, é uma versão ligeiramente banal da icônica partitura do primeiro filme.
Em substituição a John Milus –que dirigiu o filme anterior com notável perícia –o quebra-galho Richard Fleischer (diretor de “Viagem Fantástica” e “No Mundo de 2020”) que reforça a impressão de ‘operário padrão’ removendo qualquer personalidade da narrativa. Quando muito, o filme se assemelha ao de John Milus em seus melhores momentos.
Por alguma razão que nunca parece clara, Conan (Arnold Schwarzenegger, aqui menos beligerante e sombrio) não se encontra na companhia de Subotai (Gerry Lopez), seu grande amigo –e dos poucos sobreviventes –do filme anterior, ainda que fique completamente sugerido que este “O Destruidor” se passa imediatamente após os eventos de “O Bárbaro”.
Ao invés de Subotai, temos aqui o descarado alívio cômico do filme, Malak (Tracey Walter) que faz o avoado feiticeiro vivido por Mako (e narrador de ambos os filmes) parecer um personagem sério!
É junto dele que Conan se encontra a rezar pela amada Valéria que morreu no fim do filme original, quando a Rainha Taramis (Sarah Douglas) o aborda: Ela quer os serviços de Conan para uma missão arriscada. Se tiver sucesso, ela deixa subentendido que poderá ressuscitar Valéria.
A missão em questão remete muitos mais aos quadrinhos de Conan –e suas tramas mirabolantes –que aos escritos originais de Robert E. Howard, o criador do personagem; não por acaso, o roteiro também não é mais a cargo de Oliver Stone, e sim do bem menos contundente Stanley Mann.
Conan terá de conduzir uma princesa virgem (a bonitinha Olívia D’Abo, da série “Anos Incríveis”) até um templo onde somente ela está predestinada a segurar um chifre sagrado que, levado de volta, seria a peça restante para montar a estátua do deus Dagoth –o que traria essa divindade à vida.
Claro que, sendo Taramis a vilã da história, há muitos detalhes que Conan não sabe: Que Dagoth é, na verdade, uma criatura que trará sangue e ruína; que Bombata (Wilt Chamberlain), o gigantesco guarda-costas instruído a acompanhá-los, está incumbido de matar Conan assim que a missão se concretizar; e que a própria princesa, sem saber, será também sacrificada em oferenda à Dagoth.
Desprovido da sanguinolência, da violência, da sensualidade e da nudez ocasional que conferiam peso dramático ao filme original e moldado em torno de inclinações muito mais fantasiosas (certamente visando um sucesso entre o público infanto-juvenil) que o aproximavam de produções genéricas do gênero naquele período como “O Cristal Encantado”, “A Lenda” e tantas outras obras que imitaram o próprio “Conan”, este segundo filme perde a oportunidade de ser um trabalho tão notável e marcante quanto seu antecessor, desperdiçando inclusive a participação de um dos vilões mais icônicos de Conan, o mago Toth-Amon (Pat Roach), reduzido a um mero feiticeiro sem-vergonha numa breve passagem.

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