quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Sabata


Dono de um rosto marcado e marcante e de um olhar tão penetrante quanto intimidador, era algo natural ao ator Lee Van Cleef o contumaz papel de vilão nos inúmeros faroestes que participou. Desses, uns poucos o mostraram como herói.
Um deles é este “Sabata”.
Interpretando o personagem-título, pistoleiro bom no gatilho como poucos, ele chega à cidadezinha de Daugherty bem a tempo de exercer papel crucial no desenlace de um assalto à banco ocorrido na mesmo noite de sua chegada.
Tal e qual o personagem de Clint Eastwood em “Por Um Punhado de Dólares” –similaridade que, com certeza, não deve ser vista como acidental –Sabata logo inicia um jogo de alianças e tramoias com os corruptos poderosos locais na intenção de enganá-los e deles tirar o máximo possível de dinheiro. Para tanto, tem alguns aliados bastante improváveis: O mendigo e ex-soldado Carrincha (Ignazio Spalla), o mudo e acrobata Gato de Rua (Aldo Canti), e o misterioso e pouco confiável violeiro Banjo (William Berger).
Nitidamente beneficiado por um orçamento mais generoso do que era o normal para faroestes  espaguetti, o filme dirigido por um certo Frank Kramer (aparentemente um pseudônimo de Giancarlo Parolini, normalmente apontado como criador do personagem e realizador do filme) ostenta sequências bem elaboradas, quase todas bebendo da fonte usual do sub-gênero onde os maneirismos de câmera davam uma ênfase dramática e palpitante aos duelos com armas que os faroestes antigos não tinham o virtuosismo (e nem a intenção) de executar.
Pode-se argumentar que, munido de mais recursos do que o habitual, Parolini tenha se excedido em vários momentos –inclusive, numa meia hora final pontuada por uma quantidade exorbitante e desnecessárias de tiroteios em diversos lugares e condições –mas, ele o faz com a volúpia épica que caracterizou o gênero.
Em sua realização exultante e explosiva, “Sabata” deu início a uma série de filmes estrelados por esse mesmo personagem (ainda que Lee Van Cleef tenha sido substituído por outros atores em alguns deles) que ombreou outras figuras muito famosas do faroeste espaguetti como “Django” ou o próprio Pistoleiro Sem Nome (o personagem de Eastwood na Trilogia dos Dólares).

Nenhum comentário:

Postar um comentário