É uma tarefa complicada essa a de tentar falar
de um dos filmes mais conhecidos de todos os tempos. Explicar com razões não
muito óbvias porquê ele é um dos melhores filmes já feitos.
“E O Vento Levou” acompanha a trajetória de
Scarlett O'Hara (Vivien Leight, absolutamente sensacional!), a voluntariosa
filha de um rico imigrante irlandês, enquanto a Guerra Civil Norte-Americana
transforma o sul do país.
A medida que os anos transcorrem, e o panorama
do sul dos EUA se transforma, Scarlett busca se adaptar aos novos tempos, o quê
inclui casar-se paulatinamente, conforme a necessidade pede: Primeiro, pela
indignação de perder o cobiçado solteiro Ashley Wilkes (Leslie Howard),
aceitando o pedido do primeiro que lhe faz a proposta (ela enviúva durante a
guerra); em seguida, por conveniência, seduzindo um rico herdeiro para que seu
dote pudesse manter a fazenda da família, Tara (e, mais tarde, tornando a
enviuvar).
Seu terceiro marido é, por ironia, o homem que
havia jurado nunca desposar –o renegado Rhett Butler (Clark Gable, um ator fora
de série), por quem Scarlett, só ao final de uma longa e tumultuada trajetória,
vai se conscientizar que sempre sentiu amor.
O filme é, acima de tudo, um retrato do
desmoronamento da aristocracia sulista, além de ser também uma das maiores
amostras de superprodução capazes de serem geradas por Hollywood –indicativa
também da tenacidade de alguns de seus mais notórios artesões (verdadeiro criador
do filme, o produtor David O’ Selznick participou de todas as etapas da produção,
desde o esboço do roteiro, passando pelo pesadelo na busca da intérprete ideal
de Scarlett até as movimentadas e complicadas filmagens –que tiveram três
trocas de diretores!)
Tudo isso para moldar um filme que o tempo é
incapaz de envelhecer: “E O Vento Levou” é um dos poucos filmes que sintetizam
o próprio cinema. Em sua suntuosidade, em sua magnitude, na sucessão de cenas
inesquecíveis que expõe ao expectador: Scarlett e o pai à sombra de uma árvore,
contemplando Tara; o incêndio espetacular de Atlanta (no qual foram queimados,
para efeitos grandiloqüentes, os cenários antes usados em “King Kong”); o
juramento de fome em meio à árida plantação (“Jamais sentirei fome novamente!”);
o beijo entre Scarlett e Rhett Butler, e muitas outras.
O filme dos filmes.
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