Não podia surgir nada muito medíocre da
iniciativa de Michael Winterbottom em adaptar a obra maldita de Jim Thompson.
Um dos mais incomuns diretores britânicos, e realizador de diversos projetos
dos mais pouco usuais possíveis, ele captura o tom analítico que tanto incomoda
no livro, e tem, no ator Casey Affleck, um imenso trunfo para o resultado a que
se pretende: Na narrativa dilacerante de Winterbotton, a atuação de Affleck é
um registro preciso de tudo de lúgubre e perverso que pode se esconder na alma
humana, travestido da mais corriqueira faceta de normalidade.
Sua história principia-se na década de 1960,
numa cidadezinha do interior, onde um rapaz que trabalha como policial busca
ocultar de todos os seus conhecidos seu instinto psicopata. Mas quando passa a
se envolver com uma bela prostituta, seus anseios assassinos o levam a tramar a
morte dela, de maneira cruel e violenta. Em meio às investigações, novas
circunstâncias o fazem continuar vitimando outras pessoas, incluindo sua noiva,
deixando assim um rastro de mortes.
Winterbottom cria com
crueza e visceralidade uma narrativa naturalista a serviço de um resultado
forte e impactante. Suas cenas de assassinato (duas delas, em especial) são
desagradáveis, realistas, desconcertantes e perturbadoras.
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