quinta-feira, 17 de março de 2016

A Colina Escarlate

Dizer que Guilhermo Del Toro é um gênio sempre me pareceu precipitado, por mais que eu tenha adorado “A Espinha do Diabo” e “O Labirinto do Fauno”, provavelmente seus melhores trabalhos até então. Parece sempre haver um empecilho em seus filmes, algo que os impede de atingir a excelência.
E isso torna a acontecer em “A Colina Escarlate”, o filme no qual Del Toro homenageia o terror gótico italiano em geral, e o diretor Mario Bava, em particular.
Na trama, ambientada no século XIV, uma jovem aristocrata americana cai de amores por um jovem nobre inglês. Após se casarem, ela muda-se para sua residência, uma mansão decadente localizada em uma colina remota, imersa numa lama vermelha como sangue, onde ele vive com sua taciturna irmã mais velha. A medida que as noites vão se passando, a jovem presencia estranhos e alarmantes acontecimentos enquanto vai elucidando alguns segredos que envolvem os dois irmãos, e que podem significar uma ameaça à sua vida.
Na verdade, Del Toro faz um trabalho todo ele referencial, remetendo aos filmes da produtora inglesa Hammer (especializada nos filmes de terror que fizeram a alegria de sua infância) e, especialmente, à “Queda da Casa de Usher” de Roger Corman, envolvendo tudo isso num acachapante acabamento visual, de tal beleza que chega a oprimir a narrativa. Não obstante, há momentos de relapso, nos quais o realizador se deixa seduzir pelos traquejos de um gênero que ele ama incondicionalmente.

E este é mesmo um problema: Os fantasmas, quando aparecem, vêem tão cheios de detalhes digitais que parecem caprichados demais para causar medo. Some a isso o fato de que a protagonista, Mia Wasikowska, não tem carisma, nem empenho e nem solidez interpretativa para dar conta do recado. Tudo isso, quem tem é Jessica Chastain como a antagonista, o quê acaba criando um desequilíbrio prejudicial na dinâmica entre as personagens.

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