quarta-feira, 9 de março de 2016

Fome de Viver

Vampiros nunca saíram e jamais sairão de moda. Seu apelo junto à cultura pop é tão sedutor que não conseguem ser arruinados nem por repaginações de gosto duvidoso como a série “Crepúsculo”. Nos anos 1980, as mais famosas contribuições aos chupadores de sangue no cinema provavelmente foram “A Hora do Espanto” e este “Fome de Viver”.
Catherine Deneuve é Miriam Blaylock uma vampira que singra as ruas de Nova York em busca de sangue. Não apenas sangue, ela precisa também de uma espécie de companheiro, junto do qual o peso dos séculos que transcorrem se torna suportável. Esse companheiro até outro dia era David Bowie, ou melhor, John. Mas a juventude que até então se achava estampada em seu rosto –preservada noite após noite com o sangue de suas vítimas –começa a desvanecer: Todos os anos vividos parecem de repente querer cobrar seu preço, fazendo-o envelhecer subitamente. 
Com medo, ele procura por uma médica especializada em uma doença degenerativa (Suzan Sarandon) e tudo o que consegue é torná-la sucessora de seu lugar ao lado de Miriam, como amante. 
O tratamento que o diretor Tony Scott dá ao gênero e à figura do vampiro em si transborda elegância neste filme muitas vezes frio, mas paradoxalmente carregado de voltagem erótica, não à toa, uma de suas cenas mais lembradas é o interlúdio sexual de Suzan Sarandon e Catherine Deneuve.
Responsáveis por essa atmosfera desigual, carregada de inusitada natureza, são as escolhas que o falecido diretor Scott (à época, estreando no cinema) fez -todas inesperadas para um estreante: O elenco de presenças incomuns como Deneuve e Bowie. O tratamento formal, com estilizado uso de luz. E a trilha sonora onde se destaca a cena inicial ao som de Bela Lugosi's Death.
Com Bowie presente não dava mesmo para errar nesse quesito.

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