Os mortos-vivos estão na moda.
Se antes, nos tempos em que George Romero
gozava da imagem de autor transgressivo, eles eram um subgênero quase marginal
em relação à produção dos grandes estúdios e, sobretudo, quando comparados aos
monstrengos mais clássicos do terror, hoje, eles estão em todo o lugar: Séries
de TV (“The Walking Dead”), superproduções (“Guerra Mundial Z”), refilmagens
celebradas (“Madrugada dos Mortos”), e até as inevitáveis paródias, categoria
na qual este descompromissado “Como Sobreviver A Um Ataque Zumbi” se insere.
Ben (Tye Sheridan, que apareceu em grandes
filmes como “A Árvore da Vida”, “Amor Bandido”, e ainda é o novo ciclope em
“X-Men-Apocalypse”), Carter (Logan Miller) e Augie (Joey Morgan) são três
escoteiros. Os dois primeiros já começam a perceber que esse detalhe lhes tira
a chance de ganhar pontos entre as garotas –normalmente atraídas pelos caras
que preferem não pagar mico –mas, o terceiro deles, o gordinho Augie, não só
adora o grupo de escotismo como vê nele a melhor maneira de manter unido o trio
de amigos de infância.
Ben e Carter planejam se ausentar da cerimônia
de “formatura” dos escoteiros para ir a uma badalada festa na mesma noite em
que uma infestação de zumbis eclode na cidade. E, talvez, no mundo inteiro!
Aliados à uma sensual stripper (a bela Sarah
Dumont), que acaba fazendo as vezes de irmã mais velha, eles decidem tentar
salvar o máximo de pessoas possível.
Tal e qual Columbus (o protagonista do
divertidíssimo “Zumbilândia”) os jovens escoteiros possuem então,
inadvertidamente, os recursos necessários para sobreviver ao apocalypse zumbi,
ainda que essas mesmas características tenham sido ironicamente a razão para
seus problemas de adequação social –é o gênero dos mortos-vivos, uma vez mais,
servindo a uma espirituosa observação acerca das ambigüidades da sociedade e do
ser humano, ainda que essa observação, neste caso, padeça de um tratamento mais
elaborado.
Falta ao diretor Christopher Landon diversos
predicados para conduzir de acordo este trabalho –ele não imprime humor aos
momentos que deveriam ser engraçados; não convence num clima que deveria ser
sensual (a cena em que a stripper tenta ensinar Ben a beijar); não dá ritmo aos
momentos de ação; e não valoriza os momentos em que os zumbis aparecem, seja
com uma genuína atmosfera de filme de terror (algo que “Todo Mundo Quase
Morto”, por exemplo, faz maravilhosamente bem), seja dando a necessária ênfase ao
trabalho de maquiagem (que aqui deixa a desejar mesmo em comparação aos
exemplares mais pífios).
Ainda assim, um trabalho
que poderá agradar os menos exigentes –no caso, aqueles que estiverem esperando
um misto de filme de terror B, com comédias adolescentes (bem) descerebradas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário