sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Beleza Adormecida

Recém-saída de “Sucker Punch-Mundo Surreal”, de Zack Snyder, a jovem e promissora atriz Emily Browning embarcou num projeto que certamente deve ter chocado aqueles que esperavam dela um pouco de cautela e bom comportamento: Ao contrário do que podem sugerir os títulos (o original e o nacional) deste “Sleeping Beauty” não há nada de contos de fadas aqui.
Emily interpreta Lucy, uma bela jovem inglesa que vive à duras penas na tentativa de manter-se financeiramente. Ela divide o aluguel com um casal de conhecidos que mal suporta, paga sua faculdade e ainda cuida ocasionalmente de um amigo todo esquisito. Para tanto, ela tem alguns serviços em escritórios e bares que mal lhe completam a renda (além de um ou outro programa noturno). É quando surge uma oportunidade para trabalhar –como diria Renato Russo –numa festa estranha com gente esquisita, onde garotas servem quase nuas um grupo de velhos ricos.
As circunstâncias parecem conspirar para impelir Lucy na direção da prostituição, contudo, não vem a ser bem esse o caso: À esse serviço logo segue-se outro ainda mais estranho; se topar, ela ganhará um bom dinheiro desde que participe de uma bizarra situação. Ela é sedada para que, adormecida, submeta-se a esses mesmos velhos num encontro erótico sem penetração.
Ela passa a praticar esses programas de submissão absoluta, basicamente dormindo e acordando sem saber o quê houve entre ela e seus ‘clientes’, contudo, aos poucos, uma curiosidade irreprimível começa a tomar conta de Lucy para descobrir o quê se passa nesses encontros.
A diretora Julia Leigh estabelece a alegoria dessas circunstâncias numa clara abordagem da submissão, escancarando sem muita sutileza o erotismo da premissa (as cenas onde os velhos sordidamente brincam, fascinados, com o lindo corpo nu de Emily são longas, esquisitas e redundantes), porém, negligenciando profundidade às outras tramas paralelas (a relação de Lucy com seus amigos, seus momentos de solidão, e os contratempos nos outros empregos) que transcorrem como se fossem mais distrações corriqueiras entre um programa e outro. Em termos cinematográficos, o resultado é um filme de arte tipicamente europeu na forma com que trabalha o registro dos comportamentos sexuais excêntricos, na lentidão por vezes deliberada da narrativa, e até na displicência com que conduz os elementos inerentes à sua história –que terminam fazendo do enredo algo vago, estranho e sem maiores explicações.
O filme não parece ter qualquer intenção de esconder que seu grande achado é mesmo mostrar a linda nudez da atriz Emily Browning (além de "Sucker Punch-Mundo Surreal", ela também havia feito, anos antes, quando era bem mais nova, o fantasioso “Desventuras Em Série”).

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