quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Rapa Nui - Uma Aventura No Paraíso

A amizade entre o astro Kevin Costner e o diretor Kevin Reynolds sempre seguiu numa proximidade à de suas trajetórias profissionais –tal como pode ser conferido em um dos primeiros filmes de um Costner ainda jovem, “Fandango”, dirigido por Reynolds.
Natural que, com a consagração obtida por “Dança Com Lobos” e seus sete prêmios Oscars em 1990 (e ainda o largo sucesso de público de “Robin Hood-O Príncipe dos Ladrões”, também dirigido por Reynolds), fosse intenção de Costner estender essa graça para seus colaboradores. Foi certamente com essa intenção (a de uma bela campanha junto ao Oscar) que, em 1994, Kevin Costner contribuiu, não como astro, mas como produtor (o quê, em “Dança Com Lobos”, ele também era) de um ambicioso projeto de Reynolds: Contar uma história em tintas épicas e românticas que imaginava como teriam surgido as misteriosas rochas em forma de cabeça humana na Ilha de Páscoa.
Como todo filme ambicioso na velha tradição hollywoodiana, este usa da trajetória de sofrimento de uma comunidade para emoldurar a história de um triângulo amoroso.
A jovem camponesa Ramana (a bela Sandrine Holt que antes fez “Hábito Negro”) é o objeto do desejo do inquieto e inconformado escravo Make (Esai Morales), mas ama de fato o nobre Noro (Jason Scott Lee, de uma etnia indefinida entre o polinésio e o oriental –chegou a interpretar Bruce Lee em uma cinebiografia!). Noro e Make são grandes amigos, mas a cartilha dramática de filmes feitos à moda antiga manda que um embate pelo coração de Ramana os torne antagonistas.
Em meio à isso, uma competição que elegerá o grande campeão da ilha deixa as suas duas classes (nobres e plebeus), já um bocado segregadas.
Make deseja vencer Noro como forma de compensar a predileção de Ramana por ele, mas aos poucos, Make transfere seu inconformismo para outro lugar: A devastadora e árdua tarefa imposta à sua classe de esculpir continuamente pedras gigantescas em forma humana para satisfazer os deuses, trabalho pesado e insano que está esgotando as forças dos homens e exaurindo as árvores da ilha. No entanto, com o tempo, a liderança de Make na tentativa de livrar os seus da opressão o tornará alguém mais obscuro e lúgubre.
Nesse ínterim, tudo o que almeja Noro é viver em paz ao lado de Ramana, fato que a disputa de Make, a oposição da família de ambos, e a própria extinção inexorável e imediata de seu povo tentarão obstruir.
A despeito dos esforços verdadeiramente constituídos de mérito, tanto o diretor Reynolds (cuja narrativa consegue ser empática e vibrante) quando o produtor Costner não conseguiram fazer de “Rapa Nui” mais do que uma empolgante “sessão da tarde” –é um filme agradável, bonito e interessante de fato, mas igualmente chafurdado em clichês e desprovido de qualquer elemento digno de se considerar memorável (nesse sentido, Mel Gibson, treze anos depois, foi bem mais feliz com seu “Apocalypto”).
Ao menos, fez um sucesso razoável e tem, ainda hoje, seus admiradores. Já, os dois Kevins, o Costner e o Reynolds, continuariam com seus planos ambiciosos que, ainda na década de 1990, culminariam com o catastrófico “Waterworld-O Segredo das Águas”, esse sim um fracasso tão retumbante que quase poria fim à carreira dos dois.

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