segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Piratas do Caribe - A Vingança de Salazar

Há diversos méritos que sobrepõem este filme acima do anterior, “Navegando Em Águas Misteriosas”, em termos de qualidade: O roteiro que encontra meios até inventivos de relacionar sua trama à história contada nos três primeiros filmes da franquia; a mocinha com muito mais carisma e motivação vivida por Kaya Scodelario (na verdade, nesse detalhe este filme supera todos os demais!); e a duração, mais curta e enxuta (embora o filme ainda se estenda para além das duas horas de metragem).
Infelizmente, este filme também tem lá seus deméritos, oriundos principalmente dos trejeitos indissociáveis que a saga adquiriu desde seu início, e que se repetem com impressão deliberada neste quinto exemplar.
O Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp, cujo personagem perdeu um pouco do protagonismo devido aos abalos pessoais na carreira) agora é procurado por Henry Turner (Brenton Thwaites, de “Deuses doEgito”), rapaz determinado à quebrar a maldição que impede seu pai de regressar para terra firme e viver em família –sim, ele é filho de Will Turner (Orlando Bloom) transformado no capitão imortal do navio “Holandês Voador” ao final de “No Fim do Mundo”!
O único meio de quebrar a maldição (na verdade, de quebrar todas as maldições) é encontrando o Tridente de Poseidon –e é aí que torna-se necessário encontrar Jack Sparrow, ou melhor, sua bússola mágica com a qual é possível achar tal artefato.
Três personagens irão cruzar-se com eles no percurso de sua aventura: A jovem e bela Carina Smith (Kaya), dedicada estudiosa de astronomia (e sintomaticamente confundida com uma bruxa pelos numerosos ignorantes da época); o capitão Barbosa (Geoffrey Rush, com freqüência tão bom, ou melhor, que o próprio Johnny Depp em cena), que desde “AMaldição do Pérola Negra” vive uma relação de inimizade e aliança constante com Sparrow; e o fantasmagórico Capitão Salazar (o espanhol Javier Barden), o providencial vilão sobrenatural deste filme cuja origem é profundamente relacionada à do próprio Jack Sparrow –o qual, à propósito, ele anseia encontrar para concretizar sua vingança.
E ainda no terreno das participações luxuosas, temos uma breve (e consideravelmente aleatória) aparição de Paul McCartney como tio de Jack Sparrow, espelhando a participação especial (bem melhor) de Keith Richards em alguns dos filmes anteriores.
Os diretores Joachim Rønning e Espen Sandberg (realizadores de “A Aventura de Kon-Tiki”, produção norueguesa indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2012) buscam, portanto, uma sutil diferenciação de seu trabalho em relação ao de Gore Verbinski (diretor dos três primeiros) e de Rob Marshall (do quarto), no que são, em sua maior parte do tempo, mau sucedidos, esmagados pela convenção de fazer desta uma obra tão homogênea quanto as outras. Eles ocasionalmente introduzem novas e inventivas percepções acerca de uma aventura em alto-mar, traduzidas em enquadramentos inesperados, numa fluidez quase de desenho animado (mais perceptível na primeira metade, debilitada na segunda) e numa identidade visual peculiar em relação aos demais filmes, embora não consigam evitar nem o fato de que as mesmas repetições de premissa e artimanhas rocambolescas permanecem todas lá, nem a falta de traquejo deles próprios para conduzir o humor das cenas cômicas ou a falta de experiência para administrar o ritmo e a continuidade de uma superprodução.

No frigir dos ovos é um trabalho superior ao último filme, o mais fraco da série até então, mas está longe de ter frescor e o sabor de novidade dos três primeiros exemplares, uma tendência que infelizmente deve se tornar o principal calcanhar de Aquiles da franquia daqui para frente.

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