segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Um Lugar Chamado Notting Hill

Tímido bibliotecário inglês, um belo dia vê entrar por sua loja de livros uma moça bonita que lhe parece estranhamente familiar.
Muito da impressão subliminar graciosa desse momento responde pelo charme contagiante deste filme dirigido por Roger Michell, mas definido, de fato, pelo estilo inescapavelmente romântico do roteirista Richard Curtis –que escreveu “Quatro Casamentos e Um Funeral”, também protagonizado por Hugh Grant.
No princípio, ele (Hugh Grant) é o único que não se dá conta, que ela (Julia Roberts) é Anna Scott, a maior estrela do cinema da atualidade. Contra todas as probabilidades, ela interessa-se por ele e por seu ar inglês, naturalmente desligado, e de cena em cena, de situação em situação, eles buscam construir uma relação a partir de uma singela e inebriante vontade de se ver e se conhecer.
Essa evolução natural de um relacionamento vem espertamente acrescida dos contratempos complicados, inerentes ao fato de se tentar manter um romance entre a mais conhecida atriz do mundo, e o mais simples dos britânicos –e responde, justamente por isso, o grande charme do filme que, tal e qual outros trabalhos escritos por Curtis, leva uma ligeira inovação ao gênero: As incertezas e fragilidades exploradas de forma tão romanceada e idealizada nas comédias românticas ganham uma ênfase masculina.
Há algo de arriscado em escalar Julia Roberts e Hugh Grant para interpretar uma estrela de cinema e um inglês tímido e hesitante (basicamente, eles mesmos); o registro dos personagens poderia cair no caricato, no banal ou no repetitivo, entretanto, graças à condução absolutamente segura e ponderada de Michell, esta divertida comédia não padece desses prejuízos, e ainda brinda o público com um arranjo fenomenal da clássica canção “She”, cortesia de Elvis Costello, no início e no final do filme (esse último, um dos grandes momentos das comédias românticas no cinema).

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