Tímido bibliotecário inglês, um belo dia vê
entrar por sua loja de livros uma moça bonita que lhe parece estranhamente
familiar.
Muito da impressão subliminar graciosa desse
momento responde pelo charme contagiante deste filme dirigido por Roger
Michell, mas definido, de fato, pelo estilo inescapavelmente romântico do
roteirista Richard Curtis –que escreveu “Quatro Casamentos e Um Funeral”,
também protagonizado por Hugh Grant.
No princípio, ele (Hugh Grant) é o único que
não se dá conta, que ela (Julia Roberts) é Anna Scott, a maior estrela do
cinema da atualidade. Contra todas as probabilidades, ela interessa-se por ele
e por seu ar inglês, naturalmente desligado, e de cena em cena, de situação em
situação, eles buscam construir uma relação a partir de uma singela e
inebriante vontade de se ver e se conhecer.
Essa evolução natural de um relacionamento vem
espertamente acrescida dos contratempos complicados, inerentes ao fato de se
tentar manter um romance entre a mais conhecida atriz do mundo, e o mais
simples dos britânicos –e responde, justamente por isso, o grande charme do
filme que, tal e qual outros trabalhos escritos por Curtis, leva uma ligeira
inovação ao gênero: As incertezas e fragilidades exploradas de forma tão
romanceada e idealizada nas comédias românticas ganham uma ênfase masculina.
Há algo de arriscado em
escalar Julia Roberts e Hugh Grant para interpretar uma estrela de cinema e um
inglês tímido e hesitante (basicamente, eles mesmos); o registro dos
personagens poderia cair no caricato, no banal ou no repetitivo, entretanto,
graças à condução absolutamente segura e ponderada de Michell, esta divertida
comédia não padece desses prejuízos, e ainda brinda o público com um arranjo
fenomenal da clássica canção “She”, cortesia de Elvis Costello, no início e no
final do filme (esse último, um dos grandes momentos das comédias românticas no
cinema).
Nenhum comentário:
Postar um comentário