quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Diários de Motocicleta

O diretor brasileiro Walter Salles foi sensato ao despir seu filme de qualquer ideologia. Terreno pantanoso e no mínimo controverso quase inerente ao personagem retratado, Ernesto ‘Che’ Guevara que, mais tarde, se tornaria um ícone entre revolucionários ainda que por meio de uma trajetória carregada de pontos nebulosos e atuações discutíveis.
Do jeito como está, neste prazeroso filme construído por Salles, o ainda jovem Ernesto Guevara (Gael Garcia Benal, numa atuação perfeitamente equilibrada) é tão somente o relativamente ingênuo protagonista deste belo filme de aventura no qual, após formar-se na faculdade de medicina, ele resolve fazer um tour por toda a América Latina dos anos 1940 de então, acompanhado de seu grande amigo Alberto Granado (o extraordinário Rodrigo de La Serna), a bordo da motocicleta "La Poderosa".
No percurso de sua viagem, Guevara se dá conta de todo um continente habitado por pessoas dignas em sua luta pela sobrevivência, mas fragilizadas por injustiças sociais.
Essa viagem –concluída com uma espécie de residência como médico nas regiões remotas da Amazônia –opera nele, portanto, uma transformação que moldará seu caráter revolucionário.
Apaixonado por todos os elementos que compõem e definem o gênero do road-movie, Walter Salles faz aqui seu melhor trabalho até então, desfazendo-se de inconvenientes existencialismos intelectuais, comuns em muitos pretensiosos cineastas brasileiros para realizar uma obra de apelo lúdico, cheia de empatia e charme regional.

Características captadas à perfeição na bela canção “Al Otro Lado Del Rio”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário