quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Dunkirk

Christopher Nolan, ao realizar seu primeiro filme de guerra, procurou ser inesperado; ele foi na contramão do que se pressupõe ser um dos paradigmas do cinema bélico e amparou sua obra –veja só –no silêncio: “Dunkirk” prescinde (ou, pelo menos, busca prescindir) de diálogos e efeitos sonoros mais barulhentos para trilhar uma narrativa que quase remete ao cinema mudo.
Tudo gira em torno dos acontecimentos na cidade francesa de Dunkirk –ou Dunquerque, conforme o texto –na qual um contingente considerável de soldados ingleses, franceses e belgas foi encurralado pelas forças alemãs em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial; e mais de um ano antes do ingresso dos EUA no conflito.
De 26 de maio a 4 de junho daquele ano, os soldados desarmados, desmotivados, sem recursos e sem suprimentos foram deixados a mercê dos bombardeios inimigos naquela praia cuja travessia do Canal da Mancha era a única coisa que os separava de sua Inglaterra natal.
Desse episódio dramático –e pouco explorado pelo cinema –Nolan extraí as peças que encaixadas irão compor sua narrativa.
Uma delas acompanha um soldado inglês (o jovem Fionn Whitehead) que, na seqüência inicial –silenciosa, como muitas deste filme –acaba sendo o único sobrevivente de um grupo que a duras penas conseguiu chegar ao trecho da praia, ainda sob domínio dos franceses. Ele protagonizará –ao lado de outros personagens que aparecerão como o oficial inglês vivido por Kenneth Brannagh –a árdua e penosa semana que eles passarão ali, até que algum milagroso indício de ajuda apareça.
Em outro lugar, a narrativa de Nolan irá se deter –desta vez durante um dia –no esforço dos ocupantes de um barco pesqueiro, seu dono (Mark Rylance, de “Ponte de Espiões”), seu filho (Tom Glynn Carney) e um amigo (Barry Keoghan) para irem, por conta própria, cruzar o Canal da Mancha e resgatar os desamparados soldados.
A terceira peça do quebra-cabeças é a seqüência estrelada por Tom Hardy no papel de um dos pilotos de caça britânico. Ao longo de uma hora, o filme registra os esforços dele em tentar proteger os barcos e os soldados em terra e mar da sanha impiedosa dos bombardeios alemães, ávidos por tantos alvos fáceis à sua disposição.
Dirigindo com primor inquestionável –e, não raro, exaurindo o expectador com a tensão extenuante que consegue criar –Christopher Nolan contrapõe essas três linhas narrativas (a semana toda do jovem soldado; o dia inteiro dos tripulantes do barco; toda a hora do piloto de avião) e com elas instiga e desafia o expectador a encontrar o momento e a maneira com que elas haverão de se encontrar (e elas realmente se encontram). Fundamental para o enlace hábil de todas essas pontas soltas –bem como da impressão que almeja suscitar por cada uma delas –é a trilha sonora de Hans Zimmer, tão mais fundamental, válida e inestimável quando estamos falando de um filme com falas reduzidas ao mínimo necessário.
Há uma incongruência no resultado incomum que Nolan sempre costuma obter ao trabalhar certas emoções. Em “Dunkirk” ela surge em dois extremos: A euforia emocionante e vívida ao constatar o esforço do cidadão comum quando incontáveis moradores arriscam suas vidas para salvar, a bordo de barcos de passeio e outros meios marítimos civis, a vida de milhares de jovens soldados, e a decepção profunda acompanhada de uma amarga tristeza ao perceber que este é um caso isolado de solidariedade em meio à uma guerra gigantesca, sangrenta e desumana.

Um comentário:

  1. Foi um filme incrível. A verdade o melhor filme de guerra que eu vi no ano passado. Adoro ver a história da Segunda Guerra Mundial e acho que este filme realmente valeu a pena. A verdade amei desde que eu li a Dunkirk filme sinopse. É uma historia cheia de incríveis personagens e cenas excelentes. Devo dizer que foi uma surpresa pra mim, já que foi uma historia muito criativa que usou elementos innovadores. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo. É incrível.

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