quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Os Últimos Passos de Um Homem

Assim como Mel Gibson –que em 1996, lançou seu bem-sucedido “Coração Valente”, atuando como diretor –naquele mesmo ano, o ator Tim Robbins (de “Um Sonho de Liberdade”) arriscou alguns passos atrás das câmeras.
Ao contrário de Gibson, que abraçou o cinemão comercial e suas personificações mais clássicas, Robbins deu vazão à uma conhecida faceta engajada que compartilhava com sua esposa na vida real, a atriz e protagonista deste filme Suzan Sarandon (premiada com o Oscar 1996 de Melhor Atriz) para contar a história real da Irmã Helen Prejean.
Famosa por dedicar seu caridoso ofício aos homens condenados ao corredor da morte, Helen (numa atuação brilhante de Suzan) é capturada pelas lentes de Robbins nos desdobramentos do primeiro caso de pena de morte que acompanhou, permitindo assim um comprometido estudo sobre crime, castigo e redenção –esforço que resultou numa indicação ao Oscar de Melhor Diretor para Robbins naquele ano.
Uma devotada freira de Nova Orleans, Helen atende ao pedido de Mathew Poncelet (Sean Penn, também ele indicado ao Oscar) um condenado à morte que aguarda, para os próximos dias, a sua execução por injeção letal, devido à sua participação no estupro e morte de uma jovem. No convívio com o condenado, Helen tentará reincidir sua condenação, esclarecendo melhor os fatos em torno do crime que ele cometeu e, se possível, compreender as ações praticadas em um crime atroz.
Longe de realizar um filme de simples apreciação ou mesmo de abordar uma situação de alguém injustamente condenado à pena de morte, o diretor Robbins vale-se de sua ampla experiência como ator para encenar um mergulho incisivo e implacável num lodo borbulhante de maldade –Poncelet é um registro corajoso e sem concessões de uma sombria propensão à psicose da parte de Sean Penn que, em sua contundência, nos convida a considerar o fato de que aquele personagem irascível, cruel e selvagem é, também, um ser humano.
É sugerida uma ligeira aversão à pena de morte contida na narrativa, embora Robbins sabiamente dê ênfase na relação menos política e mais humana que surge entre e o condenado à morte Poncelet e a freira Prejean (cujos sérios abalos sofridos por sua convicção durante esse caso representam o eixo de toda a trama).

O filme venceu também o Oscar de Melhor Canção para "Dead Man Walking" de Bruce Springsteen.

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