terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Gênio Indomável

Após uma primeira fase em sua carreira na qual revelou-se um dos meninos prodígios do cinema independente norte-americano, o diretor Gus Van Sant enveredou por um cinema mais comercial –ainda que este “Good Will Hunting” ainda seja, por definição um filme independente –e foi devidamente abraçado por Hollywood, como era de se esperar.
Em seu formato e estrutura, “Gênio Indomável” segue uma cartilha irresistível à Academia de Artes Cinematográficas (e, com efeito, ela acabou premiando-o com dois Oscars): É tocante e bem realizado, cheio de boas escolhas e boas intenções, e seu retrato do subúrbio e da marginalidade jamais se torna ofensivo.
O roteiro do filme –um de seus maiores trunfos, premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Original –foi escrito pelos próprios atores, os ainda jovens e iniciantes amigos Matt Damon e Ben Affleck que, indignados pela escassez de bom material com o qual pudessem mostrar seus talentos, resolveram eles mesmos escrever um filme para atuar.
Matt Damon ficou assim com o papel principal, o do jovem Will Hunting, dono de uma mente prodigiosa em cálculos matemáticos, porém um delinqüente problemático de temperamento instável que mal consegue manter um emprego. Ben Affleck, por sua vez, ficou com o papel de melhor amigo de Will, um dos vários companheiros de infância, com os quais ele ainda sai, bebe e arruma confusões. Will não seria diferente de nenhum deles. Mas, Will é um gênio. E essa genialidade não passa despercebida a um professor de universidade (Stelan Skarsgaard) que o apadrinha e resolve colocá-lo nos trilhos para que possa seguir uma carreira e tornar-se alguém. Para domar alguém como Will, é chamado um psiquiatra de métodos pouco convencionais (Robin Williams, no papel que lhe deu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante), tão desajustado quanto o próprio Will Hunting.
Não há qualquer proposta de inovação formal ou temática em “Gênio Indomável” –nem tampouco técnica –há, em vez disso, uma clara intenção e capacidade para realizar um filme bem feito, profundo e articulado na história e nos personagens que se deixa observar e interpretado com excelência por um elenco à época cheio de caras novas e promissoras (além de Damon e Affleck, havia também o irmão mais novo deste, Casey Affleck e a jovem Minnie Driver, como a mulher que Will ama).
E isso certamente já basta para estar acima da média.

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