O ex-crítico de cinema, Rob Lurie, ao lançar-se
na carreira de diretor jamais tentou esconder as influências para as quais
pendia o seu gosto pessoal: Lurie é um diretor que aprecia tramas que envolvem
o embate, seja ideológico, seja físico, entre antagonistas que representam
também doutrinas muito específicas acerca de suas posturas. E o fator que
define a vitória de um sobre o outro, com freqüência, se revela a tenacidade, a
rigidez de princípios, o orgulho –um cinema que remete muito à masculinidade
latente das obras de Sam Peckinpah, Don Siegel e Samuel Fuller.
“A Última Fortaleza”, a despeito da discutível
equiparação a obras potencialmente melhores do próprio Lurie, é o mais
significativo para com essa atitude como contador de histórias. Ambientando seu
filme num presídio –e, dessa forma, irmanando-o a toda uma tradição de grandes
obras como “Alcatraz-Fuga Impossível” e “Rebeldia Indomável” –Lurie urgiu um
trabalho notável que embora respira diversas referências cinematográficas traz
um dinamismo próprio.
O veterano Robert Redford interpreta Eugene
Irwin, um lendário general do exército americano, condenado a prisão por
motivos que nunca ficam muito claros. Ele é encaminhado a uma penitenciária
militar, e sua chegada se dá através de uma cena que nitidamente reverencia “UmSonho de Liberdade” –o audaz movimento de câmera panorâmico que acompanha o
ônibus que leva detentos até ele chegar ao seu destino.
Recebido inicialmente com respeito e admiração
acarretados pelo folclore em torno de seu nome e sua famosa percepção de tática
e estratégia, Irwin parece indiferente à bajulação que vem, inclusive, do
diretor do lugar (James Gandolfini). Ele deseja apenas cumprir sua pena,
passando despercebido entre os detentos como mais um indivíduo de lá.
Não conseguirá.
Logo, sua postura o fará entrar em atrito com o
diretor, e a narrativa de Lurie irá valer-se dessa estrutura de roteiro para
emular vários outros filmes de prisão pelos quais nutre tanto apreço.
Após a descoberta de
atitudes inumanas e inadmissíveis para com seus detentos, Irwin decide fazer
aquilo que os inúmeros encarcerados já esperam dele; Liderá-los. O frágil
equilíbrio de forças leva então ao planejamento de um motim, e Irwin poderá
mostrar ao diretor do presídio toda sua habilidade em estratégia (e o diretor
Lurie, sua desenvoltura no manejo de seqüências de ação) numa rebelião
implacável e eletrizante que consome o trecho final do filme.
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