quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A Primeira Página


A vida do repórter Hildy Johnson (Jack Lemmon) não anda nada fácil: Se por um lado está nas nuvens pelo fato de que vai se casar com a maravilhosa Peggy (Suzan Sarandon), por outro, seu esperto editor Walter Burns (Walter Mathau) não lhe desgruda do pé –na polvorosa Chicago dos anos 1920, a iminente execução de um rapaz que afrontou um policial mobiliza a opinião pública e os interesses políticos que, ao sabor da controvérsia, podem acabar colocando na forca o pescoço de um homem inocente.
Para Burns, raposa que ele só, o repórter mais indicado do jornal “Examiner” (no qual ambos trabalham) para cobrir tal evento só poderia ser Hildy. Somente ele tem (como ficará até provado mais tarde) a experiência, a desenvoltura e o traquejo para farejar a notícia de primeira página da forma como os editores mais ambiciosos almejam: Bombástica, de preferência.
Hildy, no entanto, não quer nada disso. Seu coração bate por Peggy, junto da qual estará a caminho da Philadelphia para casar enquanto o infeliz estará sendo enforcado.
Contudo, Burns tem lá seus estratagemas para enredar Hildy –que contam com uma boa dose de sua paixão não declarada pelo intrépido ofício de repórter, sentimento que essa reportagem irá despertar no momento em que o prisioneiro em questão, Earl Williams (Austin Pendleton, aparentando tudo menos um cara perigoso) fugirá debaixo do nariz da polícia e da cabine de imprensa poucas horas antes de seu enforcamento.
Moldando uma nova versão da peça de Ben Hecht e Charles MacArthur –já havia sido filmada em 1931, com “A Última Hora”,  em 1940, com “Jejum de Amor” e seria novamente em 1988, com “Troca de Maridos” –o diretor e roteirista Billy Wilder não perde a chance de reunir a dupla matadora Jack Lemmon/Walter Mathau (em quem a dinâmica hilária dos dois personagens principais funciona às mil maravilhas) nesta encenação primorosa que, ao seu gosto, lança um olhar pulsante de sarcasmo para os meandros nem sempre éticos do disputado processo jornalístico, onde muitas vezes prima o sensacionalismo, assim como da própria instauração da ordem e dos escorregadios conceitos de culpa e inocência.
Sua direção incansavelmente bem-humorada é pródiga em encontrar soluções brilhantes.

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