segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Sete Noivas Para Sete Irmãos


As aparências e a ambientação rústica do Oregon sugerem um faroeste, mas não é isso que o expectador irá encontrar nas duas horas seguintes depois de iniciado “Sete Noivas Para Sete Irmãos”.
Irá encontrar, sim, um musical contagiante e divertido, dirigido com a habilidade que se espera de um especialista como Stanley Donen (que quatro anos antes havia entregue a obra-prima “Cantando Na Chuva”); e na verdade, essa fusão de gêneros (faroeste e musical) era algo um tanto quanto novo.
1850. O montanhês Adam Pontipee (Howard Keel, de “Ardida Como Pimenta”) segue em direção à cidade na intenção de conseguir uma esposa –a casa na longínqua fazenda que divide com seus outros seis irmãos mais novos (todos ruivos e rústicos como ele) já começa a ficar insuportável sem uma presença feminina que acrescente algum capricho e carinho que faça dela um lar.
Apesar das afirmações eventuais de que achar uma mulher não será tarefa fácil, ele dá poucos passos para fora de um armazém até achar a sua eleita: A bela, trabalhadora e dedicada Milly (Jane Powell, de “As Tentações de Adão” e “Rica, Bonita e Solteira”).
Para efeitos de narrativa, o enlace do casal principal é espantosamente breve, mas o filme se desvencilha muito bem das acusações de improbabilidade que muitos podem apontar no início dessa premissa.
Passado o choque inicial da pobre Milly ao descobrir que terá de cozinhar, limpar e costurar para não um, mas sete homens (!), acompanhamos os seis outros irmãos de Adam (que, em ordem decrescente têm nomes bíblicos organizados alfabeticamente: Benjamin, Caleb, Daniel... e assim por diante) serem inspirados pela atitude do irmão mais velho. A vida desordeira de montanhês solteiro não mais satisfaz e eles enxergam com bons olhos a nova situação do irmão mais velho; como ele antes o fez, querem procurar sua(s) cara-metade(s) entre as donzelas da cidade (uma delas, inclusive, é Julie Newmar, que seduziu toda uma geração como a Mulher-Gato na série sessentista do “Batman”).
Eles encontram eventuais barreiras, como os concorrentes cheios de pomba que as disputam também (num dos hábeis números musicais orquestrados no filme), os pais ferozes e protetores, e os percalços do amor de sempre, mas nada que um bom humor e uma boa música não resolvam!
Uma vez alvejados pela flechada do amor, os rapazes Pontipee já não se contentam sozinhos; num dos livros levados para a fazenda por Milly, o próprio Adam encontra o relato de soldados romanos que seguiram para a cidade trazendo suas escolhidas de arrasto; e resolvem assim fazer o mesmo! –no inocente cinema dos anos 1950, as segundas intenções que poderiam verter daí são completamente deixadas de lado.
Com um deslizamento de neve que bloqueia o desfiladeiro que dá acesso ao resto do mundo para a fazenda Pontipee, os rapazes e as moças estão, portanto, isolados até o fim do inverno quando a neve degelar.
A partir de então, o filme acompanha os flertes ingênuos e o romantismo descontraído que aflora, colocando também em perspectiva o casamento entre Adam e Milly –tendo sido consumado praticamente sem o estágio do cortejo, o matrimônio não inibiu os instintos machistas de Adam, e Milly quer aproveitar a ocasião para fazê-lo.
Ganhador do Oscar de Melhor Trilha Sonora Musical, este inspirado musical da MGM, realizado no auge do gênero e dotado de todos os recursos técnicos e artísticos que à época os estúdios tinham a sua disposição, beneficia-se da ausência de astros e estrelas para nomear como seus numerosos protagonistas, profissionais capazes de interpretar, cantar e dançar com perfeição (embora dê para perceber, em uma ou outra canção, a dublagem de Jane Powell).

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