Um exemplar desigual do policial italiano, o ‘poliziottesco’,
este filme realizado por Duccio Tessari ostenta uma narrativa cuja soma de suas
partes agrega urgência –é, pois, este seu grande mérito e objetivo: Gerar não
necessariamente um suspense, mas uma aflição existencial acerca da perspectiva
de um crime não exatamente solucionado (o desaparecimento que principia a
premissa se converte em morte na metade do filme), e sim devidamente punido.
A jovem de 25 anos Donatella (Gillian Bray), tem
intelecto de uma criança de 3 anos e corpo de supermodelo –o que, em si, já
debita considerável plausibilidade da narrativa! –e seu desaparecimento é
relato por Amanzio (Raf Vallone), seu dedicado pai, a um amigo policial,
Lamberti (Frank Wolff) que, indo na contramão do indiferente procedimento
padrão, coloca os seus próprios serviços e os de alguns de seus colegas à
disposição desse caso, agindo extraoficialmente.
Competente, o diretor Duccio Tessari conduz um
trabalho que à primeira vista pode parecer uma junção de elementos em desajuste
e em iminente perda da lógica –tal como no ‘giallo’, o que muitos críticos
acreditam que este filme também é –mas, a união dos resíduos sonoros (por
vezes, risíveis e barulhentos, seja nos ruídos, seja na trilha sonora) e das
cenas que intercalam informação com protelação resulta desestabilizadora. A sucessão
de frustrações nos quais desemboca as investigações infrutíferas dos policiais
deixa o expectador atônito e indignado, ao mesmo tempo que Tessari é hábil em
plantar impressões –mais tarde, correspondidas pelo desenvolvimento da trama –de
que houveram pistas escondidas em algum lugar que os policiais e o público
deixaram passar despercebidas.
Desprovido de uma
recompensa moral onde o expectador se sente revigorado ante a Lei que prevalece
sobre o crime, “Os Assassinos Só Matam Aos Sábados” apenas intensifica seu
sabor amargo a medida que ruma em direção ao seu desfecho, deixando claro que
sua opção ao realismo –algo destoante da safra geral de produções oriundas da
Itália naqueles mirabolantes anos 1970 –está a favor da concepção de um mundo
cruel e injusto onde os inocentes quase sempre se convertem em vítimas da
vilania e da maldade.
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