segunda-feira, 8 de julho de 2019

Joe Contra O Vulcão

Para a maior parte do grande público a primeira reunião dos atores Tom Hanks e Meg Ryan foi o sucesso dos anos 1990, “Sintonia de Amor”, mas na verdade eles já tinham feito par romântico quase uma década antes com este “Joe Contra O Vulcão”.
O roteirista John Patrick Shanley (agraciado com o Oscar de Melhor Roteiro Original em 1988, por “Feitiço da Lua”) une humor e seriedade de uma maneira estranha, e ao dirigir o próprio script (perante produção de Steven Spielberg), ele potencializa essa característica.
A vida de Joe Banks (Tom Hanks) parece um pesadelo materializado. Seu emprego como arquivista numa fábrica sinistra é deprimente. E para piorar, seus anseios hipocondríacos logo lhe sinalizam com uma doença terminal de fato –que, segundo o médico consultado, irá mata-lo dentro de seis meses!
Logo na sequência de sua catártica demissão, ele recebe a estranha visita do milionário Graynamore (Loyd Bridges, em aparição relâmpago) com uma proposta mirabolante: Já que Joe vai morrer, que o seja como herói –coisa que outrora ele foi, quando antes era bombeiro!
De olho no suprimento raro de minério em uma ilha do Pacífico (ilha esta ameaçada pela erupção de um vulcão), ele vê em Joe uma solução para vários aborrecimentos simultâneos: Para os nativos (que creem que um sacrifício humano pode apaziguar a fúria do vulcão); para Graynamore (que ao solucionar tal problema ganha um salvo-conduto para explorar as riquezas da ilha); e para Joe (que vai morrer, sim, ao jogar-se no vulcão, mas ele morreria de qualquer jeito e, demonstrando esse heroísmo, digamos conveniente, ele iria usufruir de magníficos e hedonistas últimos meses de vida, bancados pelo Sr. Graynamore com tudo do bom e do melhor).
Uma fantasia ambígua em suas intrigantes tentativas de reflexão, “Joe Contra O Vulcão” agrega elementos alegóricos que nunca dizem com clareza a que vieram: Na opção em colocar Meg Ryan para interpretar TODAS as personagens femininas da história (o que, talvez, transforme a jornada de Joe em uma espécie de odisseia romântica e filosófica), ou na escolha pontual e simbolista do trovão com ares expressionistas que surge em diversas ocasiões do filme (na pista tortuosa que conduz à fábrica; no logotipo da mesma fábrica; no raio que fulmina um barco em alto-mar; e na estrada que leva ao próprio vulcão), o trabalho de Shanley corre em diversos momentos o risco de esquecer que deve entreter antes de divagar.

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