Para a maior parte do grande público a primeira
reunião dos atores Tom Hanks e Meg Ryan foi o sucesso dos anos 1990, “Sintonia
de Amor”, mas na verdade eles já tinham feito par romântico quase uma década
antes com este “Joe Contra O Vulcão”.
O roteirista John Patrick Shanley (agraciado
com o Oscar de Melhor Roteiro Original em 1988, por “Feitiço da Lua”) une humor
e seriedade de uma maneira estranha, e ao dirigir o próprio script (perante
produção de Steven Spielberg), ele potencializa essa característica.
A vida de Joe Banks (Tom Hanks) parece um
pesadelo materializado. Seu emprego como arquivista numa fábrica sinistra é deprimente.
E para piorar, seus anseios hipocondríacos logo lhe sinalizam com uma doença
terminal de fato –que, segundo o médico consultado, irá mata-lo dentro de seis
meses!
Logo na sequência de sua catártica demissão,
ele recebe a estranha visita do milionário Graynamore (Loyd Bridges, em
aparição relâmpago) com uma proposta mirabolante: Já que Joe vai morrer, que o
seja como herói –coisa que outrora ele foi, quando antes era bombeiro!
De olho no suprimento raro de minério em uma
ilha do Pacífico (ilha esta ameaçada pela erupção de um vulcão), ele vê em Joe
uma solução para vários aborrecimentos simultâneos: Para os nativos (que creem
que um sacrifício humano pode apaziguar a fúria do vulcão); para Graynamore
(que ao solucionar tal problema ganha um salvo-conduto para explorar as
riquezas da ilha); e para Joe (que vai morrer, sim, ao jogar-se no vulcão, mas
ele morreria de qualquer jeito e, demonstrando esse heroísmo, digamos
conveniente, ele iria usufruir de magníficos e hedonistas últimos meses de
vida, bancados pelo Sr. Graynamore com tudo do bom e do melhor).
Uma fantasia ambígua em
suas intrigantes tentativas de reflexão, “Joe Contra O Vulcão” agrega elementos
alegóricos que nunca dizem com clareza a que vieram: Na opção em colocar Meg
Ryan para interpretar TODAS as personagens femininas da história (o que,
talvez, transforme a jornada de Joe em uma espécie de odisseia romântica e
filosófica), ou na escolha pontual e simbolista do trovão com ares
expressionistas que surge em diversas ocasiões do filme (na pista tortuosa que
conduz à fábrica; no logotipo da mesma fábrica; no raio que fulmina um barco em
alto-mar; e na estrada que leva ao próprio vulcão), o trabalho de Shanley corre
em diversos momentos o risco de esquecer que deve entreter antes de divagar.
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