domingo, 10 de agosto de 2025

Extermínio - A Evolução


 Lançado em 2002, “Extermínio” representou algumas notáveis inovações, das quais hoje poucos o creditam –além de capitanear toda uma nova leva de filmes sobre mortos-vivos que seguem sendo feitos até hoje (ainda que os ‘mortos-vivos’ aqui sejam ‘infectados’), também foi uma das audaciosas produções a adotar a técnica da câmera digital que proporcionava às filmagens uma praticidade e uma rapidez que encontrou reflexo na criatividade e na urgência daqueles realizadores de então –e ainda foi incluído na Lista dos 100 Melhores Filmes da Década (do ano 2000 à 2010) feita pela Revista Time.

À ele seguiu-se, em 2007, uma continuação, intitulada “28 Weeks Later” –em alusão ao título original, “28 Days Later”, ou “28 Dias Depois” –não tão boa quanto, mas igualmente vibrante, interessante e certamente acima da média.

Quando muitos já achavam que a franquia não tinha mais o que oferecer, eis que o roteirista Alex Garland e o diretor Danny Boyle (que, durante esse meio-tempo ganhou 8 Oscars por “Quem Quer Ser Um Milionário?”) apareceram com este “28 Years Later” que, como o título original já diz, passa-se, num audacioso salto de tempo, vinte e oito anos depois do início da infecção ocorrida no primeiro filme –os infectados (vítimas de uma contaminação em laboratório) se proliferaram por todo o Reino Unido levando o lugar a ficar isolado do resto do mundo. Entretanto, nessas condições, as comunidades persistentes afloraram; como aquela que é retratada no filme: Um lugarejo localizado numa ilha, cujo acesso ao continente se dá por uma faixa de terra de poucos quilômetros que, durante algumas horas ao dia, se torna trafegável graças à maré baixa.

É numa dessa ocasiões que o jovem Spike (Alfie Williams), ladeado por seu pai, o rígido Jamie (Aaron Taylor Johnson), irá encarar sua primeira incursão no continente, logo, seu primeiro encontro com os temidos infectados que, nesse estágio de contaminação, já nem usam mais roupas e, ainda por cima dividem-se em duas aparentes categorias; uma, chamada ‘rastejantes’, em que são desajeitados e não conseguem andar (ainda que continuem potencialmente perigosos); e outra, os já conhecidos infectados, selvagens e implacáveis, que correm feito maratonistas atrás de suas vítimas. É entre eles que os mais desavisados podem encontrar os Alfas, infectados cujo vírus atua em seu organismo como anabolizantes, deixando-s enormes, fortes e musculosos, incapazes de serem mortos apenas pelas habituais fechas no corpo ou na cabeça.

Não basta à Spike ir uma única vez para o continente e escapar de lá por muito pouco –ele quer voltar para levar para lá sua mãe (Jodie Comer, de “Star Wars-A Ascensão Skywalker”). Acometida de algum mal que ninguém na aldeia é capaz de curar ou tratar, Spike almeja encontrar em algum lugar daquele mundo desolado, o excêntrico Dr. Kelson (Ralph Fiennes, cada vez mais sensacional), um médico especialista que afastou-se das pessoas e passou a desenvolver um comportamento, no mínimo, incomum. Com seus conhecimentos, e apesar de tudo, Spike sabe que o Dr. Kelson pode dizer qual é o problema com sua mãe –ainda que, no encalço de todos, esteja um dos temidos Alfas!

O roteiro e a direção inspirados de Garland e de Boyle provam, ao longo de todo este “A Evolução”, que eles têm ideias de sobra para ilustrar esse desigual mundo pós-apocalíptico que eles criaram para ambientar sua saga –tanto que, um outro filme, a continuar exatamente do ponto em que este abruptamente se interrompe, já está nos planos de ser lançado.

Realmente, essa sensação de ser demasiado enxuto, de possuir mais história para ser contada, e de se encerrar num momento em que nada parece se encerrar de fato (quando o roteiro enfim estabelece uma relação com o prólogo que, até então, pouco sentido havia feito) é uma das poucas ressalvas que se leva deste filme eletrizante, tenso, divertido e algo escatológico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário