É quase impossível ser cinéfilo e não idolatrar
David Fincher.
Dono de uma das filmografias mais
impressionantes do cinema recente, esse é o cara que nos deu Seven - Os Sete
Crimes Capitais, O Clube da Luta, O Curioso Caso de Benjamin Button e A Rede
Social, entre outros. Mesmo seus trabalhos mais fracos são considerados acima
da média, como o suspense O Quarto do Pânico.
Em meio a tantos filmes magistrais, muitos são
os que acham Garota Exemplar, sua melhor obra.
Não é nada difícil perceber o porquê.
Do início ao fim, transparece a imensa
segurança com a qual a direção de Fincher conduz o filme. Essa segurança, por
vezes, parece contagiar seus colaboradores, caso de Ben Affleck, normalmente um
ator subestimado, mas que está ótimo aqui.
Rosamund Pike merece um parágrafo à parte. Sua
atuação é primorosa, composta por pequenas percepções do papel que confundem o
instinto detalhista da atuação com o acaso feliz de uma atriz extremamente
adequada ao personagem. Não à toa, a atriz conseguiu a única (infelizmente e
injustamente) indicação ao Oscar para o filme.E é claro que isso se deve,
também, ao bom senso do diretor, que soube escolher com precisão cirúrgica a
atriz ideal.
E olha que chances de errar não faltaram:
Apaixonada pela trama, a atriz Reese Whinterspoon já havia até adquirido os
direitos do livro, com planos de uma adaptação cinematográfica, reservando para
si o interessante papel principal. Entretanto, em questão de meses, David
Fincher convenceu ela de que não era a atriz adequada para o papel. O
resultado?
Creditada como produtora, Reese deixou que o
diretor escolhesse a atriz ideal, conseguindo tempo assim para, ela própria
protagonizar um outro filme, esse sim, perfeito para o seu talento: o
sensacional Livre, que deve merecer, dentro em breve, uma resenha aqui.
Mas, voltemos à Garota Exemplar. No dia do
aniversário de cinco anos de casamento, um marido já com sinais de conjugue
relapso, presta queixa do desaparecimento da esposa.
Com as pistas desfavoráveis a ele acumulando-se
cada vez mais, indo em direção a um homicídido, paralelamente acompanhamos, sob
a narrativa de um diário que a desaparecida mantinha, o início de seu
relacionamento até seu consequente desgaste.
O avanço da trama reserva surpresas que só
ressaltam o talento de todos os envolvidos.
Feito de fascinantes
ramificações, este é um dos raros casos de obra cinematográfica que consegue
abranger o tema da vingança de forma muito mais profunda do que se pode
imaginar (lado a lado, talvez, do sul-coreano Old Boy, aliás de toda a
magnífica Trilogia da Vingança -e, olha só, essa também merece uma futura
resenha!).
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