Mais um ‘giallo’ bastante desigual, esta obra
de Aldo Lado chama a atenção por ser muito referencial a trabalhos mais
recentes e norte-americanos que vieram depois.
A começar pela trama do homem considerado
morto, achado caído no gramado de um parque bucólico e levado ao hospital e de
lá, para o necrotério. O homem, porém, não morreu, como atesta a sua narrativa
em off, que presencia tudo o que acontece a sua volta sem que nada possa fazer.
É uma atmosfera imediatamente intrigante que isso cria, e lembra muito o filme
“Awake-A Vida Por Um Fio”, estrelado por Jessica Alba e Hayden Christensen.
Teria o filme americano se inspirado no ‘giallo’ italiano? Difícil saber.
De qualquer forma, prosseguindo na trama, o
suposto “cadáver”, como forma de não enlouquecer diante da sua condição
angustiante, ele começa a relembrar, deliberadamente os acontecimentos que o
levaram até lá. Incluindo o desaparecimento misterioso de sua namorada, e sua
obcecada investigação que parece menosprezada por todos.
Uma das sequencias finais culmina numa cena de
orgia, ou coisa assim, que muito é relacionada com “De Olhos Bem Fechados”, de
Kubrick. De novo, é também muito difícil dizer se essa similaridade é ou não
proposital.
É bastante original o modo como “A Breve Noite
das Bonecas de Vidro” se desenvolve. Não fosse seus defeitos bastante
pertinentes (o relaxo tremendo na direção de atores, a falta de polimento quase
rudimentar de seu roteiro) esse seria um dos filmes mais cultuados desse
subgênero.
Digno de nota é o seu
epílogo, fatalista e sem concessões, no qual Aldo Lado se revela ainda mais
corajoso do que Daria Argento, considerado o mestre do ‘giallo’, e o normalmente
macabro Mario Bava, mas que em geral não abriam mão de finais ocasionalmente
felizes para suas histórias.
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