Influenciado (com evidência notável desde seus
primeiros frames) pelo faroeste spaghetti, este eletrizante e envolvente
trabalho do escolado diretor Hideo Gosha é, em si, uma pequena pérola: É sabido
e perceptível (além de objeto para infindáveis estudos cinéfilos), o modo como
os filmes de samurai do Japão dialogam com os filmes de faroeste de Hollywood.
O quê Hideo Gosha fez, foi buscar referências
distintas nesse outro subgênero e saiu-se com um filme sensacional.
Acompanhamos um samurai desgarrado chegando em
uma pequenina aldeia na qual não tarda a envolver-se nos conflitos locais, que
incluem duas facções que disputam o reconhecimento como mensageiros da região,
e uma linda mulher cega, por quem ele se apaixona.
A forma inteligente e
inspirada com que Gosha conduz sua narrativa respeita não só as tradições de
filmes chambara, mas carrega elementos que foram popularizados por Sergio Leone
e Sergio Corbucci: o close nos rostos suados; o emprego incomum, porém prático,
da trilha sonora; as sacadas visuais carregadas de significados; o uso criativo
do som e da montagem nas cenas de duelos –leia-se aqui, lutas de espadas –e a
condução pensada e planejada da trama em torno da pouca confiabilidade dos
personagens, mas sempre visando o paradigma fundamental do gênero, que é o
duelo culminante dos dois antagonistas principais. Um momento, aliás, que neste
filme, alcança instantes de grandeza cinematográfica.
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