Concebida por Chon Wook Park, um dos mais prestigiados diretores sul-coreanos (e não há como superestimar esse título!), essa trilogia, embora ainda desconhecida do grande público, é composta por três verdadeiros clássicos modernos. Três contos, surpreendentes e corrosivos, com tramas e personagens diferentes, mas unidos por um único tema: A necessidade humana, por assim dizer, por vingança.
Senhor VingançaO primeiro filme, lançado no fim da década de 1990, é para muitos, o melhor de todos; o quê é algo no mínimo impressionante de se afirmar!
Ele conta a genial e intrincada história de um casal de irmãos (o
rapaz é surdo-mudo), que diante de uma desesperadora situação financeira,
decidem por em prática um gaiato plano que consiste em seqüestrar a filha pequena de um homem de
negócios para obter o dinheiro do resgate.
Entretanto, as coisas dão terrivelmente errado a partir do momento em que a objetividade é nublada por fatores humanos como o arrependimento, o desleixo e a covardia.
Entretanto, as coisas dão terrivelmente errado a partir do momento em que a objetividade é nublada por fatores humanos como o arrependimento, o desleixo e a covardia.
O filme numa das diversas guinadas geniais que a trama assume (e elas são muitas!) conta, a partir de um determinado ponto,
a história daquele homem de negócios (vivido pelo grande ator Song Kang-Ho), e de como a angústia de perder a filha o
transforma.
Aliás, a tragédia, em “Senhor Vingança” surge como um agente transformador de todos os personagens, o que paulatinamente ocorre com todo o filme (uma mudança brusca de inesperada de cerne narrativo e de atmosfera) e revelar mais corre o risco de desprover muito das surpresas brilhantes que as reviravoltas reservam. É de um prazer indescritível acompanhar a técnica primorosa com a qual o diretor Wook Park conduz as linhas narrativas que se cruzam e se fundem, num dos melhores thrillers do cinema.
Aliás, a tragédia, em “Senhor Vingança” surge como um agente transformador de todos os personagens, o que paulatinamente ocorre com todo o filme (uma mudança brusca de inesperada de cerne narrativo e de atmosfera) e revelar mais corre o risco de desprover muito das surpresas brilhantes que as reviravoltas reservam. É de um prazer indescritível acompanhar a técnica primorosa com a qual o diretor Wook Park conduz as linhas narrativas que se cruzam e se fundem, num dos melhores thrillers do cinema.
Old Boy
O segundo filme, e o mais conhecido também, foi aclamado em Cannes pelo próprio Quentin Tarantino em pessoa: Nada mais justo para aquele que é merecidamente um dos melhores filmes da década de 2000.
A história: Oh-Dae-Su quer
vingança! Certo dia, ele é sequestrado e aprisionado num quarto de hotel. Sua
única companhia, além das quatro paredes, é uma televisão que fica ligada o
tempo todo. Seus captores apenas lhe dão comida, remédios e cortam-lhe cabelos
e unhas, sem nunca se mostrarem. Dessa forma se passam 15 anos, enquanto
Oh-Dae-Su se consome de ódio por não saber quem ou por que fizeram isso a ele.
Quando é subitamente libertado, seu objetivo de vida passa a ser a descoberta da razão do
homem que lhe fez isso. Por quê? Com qual propósito?O segundo filme, e o mais conhecido também, foi aclamado em Cannes pelo próprio Quentin Tarantino em pessoa: Nada mais justo para aquele que é merecidamente um dos melhores filmes da década de 2000.
Vagamente inspirado em "O Conde de Monte Cristo" (o protagonista alimentado pela vingança), o diretor Park constrói uma trama erguida sobre elementos cinematograficamente mirabolantes, mas amparada em soluções narrativas tão sólidas que chegam a soar perfeitas em seu roteiro.
Absurdamente sensacional, “Old Boy” caiu nas graças do público do mundo todo, sem que muitos soubessem, na época, que ele era o capítulo do meio de uma trilogia, e serviu como uma bela amostra do novo cinema sul-coreano, pródigo em projetos pouco usuais e de grande originalidade. Para se ter uma idéia, até refilmagem norte-americana ele ganhou (embora seja, no mínimo, constrangedor comparar esta obra magnífica com aquele equívoco...). Atenção para o criativo senso visual de Chon Wook Park –ainda mais elaborado do que no magistral capítulo anterior –neste profundo, sarcástico e algo pervertido estudo sobre o ato da vingança.
Cenas memoráveis: A luta espetacular (e magistralmente filmada) de Oh-Dae-Su contra toda uma gangue de jovens rapazes transcorridas num corredor apertado, com a câmera posicionada num ângulo surpreendente (ela parece estar dentro da parede e o enquadramento emula assim um videogame de luta dos anos 1980) e ainda feita num único take (!); a drástica, corajosa e até hoje inacreditável revelação final que dá um novo viés à motivação do vilão e à jornada do herói, que aliás, perde completamente o chão nesse desfecho (sensação que ele compartilha com o expectador).
Lady Vingança
O terceiro, e último filme é também aquele onde Chon Wook Park se permite uma reflexão mais aprofundada sobre os mecanismos da psicose
Por esse caráter questionador do ato inerente da desforra, a heroína do filme é também a única personagem principal na trilogia que tem alguma perspectiva de final feliz.
O terceiro, e último filme é também aquele onde Chon Wook Park se permite uma reflexão mais aprofundada sobre os mecanismos da psicose
Por esse caráter questionador do ato inerente da desforra, a heroína do filme é também a única personagem principal na trilogia que tem alguma perspectiva de final feliz.
Aqui, Wook Park nos leva a acompanhar os passos
da primeira protagonista feminina da trilogia (embora dizer isso possa ser
injusto com a irmã do surdo-mudo do primeiro filme...), uma mulher acusada e
condenada por um crime que não cometeu. Após cumprir sua pena e ver-se em
liberdade, seu objetivo é ir atrás do psicopata responsável por seu encarceramento,
que inclusive lhe privou de anos de convívio com sua filha.
Dentre todos, “Lady Vingança” é o menos eletrizante (e desde já, ocupa o mais injusto dos papéis sendo o último filme, e o mais passível de comparação com os espetaculares capítulos anteriores), mas é também o que mais se propõe a discutir a natureza maligna, ou catártica, da vingança. Afinal, é ou não a vingança um elemento que nos iguala ao monstro que pretendemos confrontar?
Dentre todos, “Lady Vingança” é o menos eletrizante (e desde já, ocupa o mais injusto dos papéis sendo o último filme, e o mais passível de comparação com os espetaculares capítulos anteriores), mas é também o que mais se propõe a discutir a natureza maligna, ou catártica, da vingança. Afinal, é ou não a vingança um elemento que nos iguala ao monstro que pretendemos confrontar?
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