quinta-feira, 21 de abril de 2016

Jolene

Infelizmente inédito no Brasil, este bom trabalho de Dan Ireland (mais conhecido por “A Whole Wide World”, uma semibiografia do escritor Robert E. Howard, também inédita por aqui), destaca-se por ser uma interessante adaptação de um conto de E.L. Doctorow (o mesmo escritor de “Na Época do Ragtime”), e por ser, real e de fato, o filme que revelou Jessica Chastain. Ainda que o estrelato, todos concordem, ela obteve a partir de “A Árvore da Vida”.
“Jolene” é quase uma crônica da vida classe média da América, pelos olhos de uma jovem que experimenta fases bastante distintas da vida. No início ela casa-se com um jovem ingênuo, que representa uma vida convencional, mas o trai com o próprio tio e acaba expulsa de casa. Partindo pela estrada afora, Jolene se envolve em inúmeras encrencas e com inúmeros namorados: Vai parar até mesmo em um presídio feminino, onde cai nas graças de uma das guardas da prisão, para depois tentar reconstruir a vida trabalhando como stripper; casando com um gangster (Chazz Palminteri, uma das muitas participações especialíssimas do filme); conhecendo um rapaz que aparentemente é o homem de sua vida –e do qual tem um filho –mas, que revela-se, com o tempo, um marido violento.
A impressão que temos é que, cada vez que se recupera de mais uma rasteira da vida, Jolene se depara com novas atribulações e tristezas.
O tipo de personagem, portanto, que nas mãos de um atriz capaz rende um trabalho todo ele memorável e singular (como aconteceu aqui, com a maravilhosa Jessica, e como aconteceu também em “Noites de Cabíria” com Giulietta Masina, ou em “Piaf-Um Hino Ao Amor” com Marion Cotillard, ou em “Duas Mulheres” com Sophia Loren, só para citar alguns exemplos), mas em mãos erradas e de talento insuficiente, podem afundar um filme (e essa é uma lista que tenho preguiça de elaborar).
Um dos méritos de “Jolene” é ter sido, por algum tempo, o único filme agraciado com cenas de nudez de Jessica Chastain, isso pelo menos até ser lançando o ótimo “Os Infratores” –e sem contar com “Wilde Salomé”, o primeiro filme do qual ela participou, que traz uma cena de topless, mas que nunca foi lançado, apenas exibido em festivais.

A despeito do fato mundano dela aparecer nua no filme, é o talento de Jessica que pulsa a cada cena, fazendo de “Jolene” uma bela oportunidade para testemunhar uma atriz bela e talentosa revelar-se e ascender, e com isso, levar todo um filme junto com ela.

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