A rua que servia de ambientação para as
apresentações teatrais de Paris na década de 1840 (e que dá título ao filme) é
o cenário para os encontros e desencontros do romance entre Baptiste e Garance,
que transcorrem ao longo de anos.
Grande trabalho do diretor Marcel Carné, foi
realizado durante a ocupação nazista na França e, por isso mesmo, é quase um
assombro constatar o quanto ele é enxuto (a despeito de suas três horas de duração),
funcional e bem lapidado. Mais que isso, é considerado por unanimidade pelos
críticos como o melhor filme francês do século XX.
É merecido.
A recriação do diretor Carné da área chamada
Boulevard do Crime é estupenda, um trabalho de extraordinário detalhismo e
riqueza, que espanta mais ainda quando sabemos as difíceis condições nas quais
o filme foi feito; Marcel Carné e sua equipe rodaram, todo ele, durante a
ocupação nazista na França, em plena Segunda Guerra Mundial, o que tornou os
bastidores deste filme uma sucessão de acontecimentos tão dramáticos quanto o
próprio filme em si.
É o cinema mais uma vez,
transcendendo sua condição de arte, de espetáculo, e promovendo uma
transfiguração da realidade e dando, por incrível que possa parecer, um novo
sentido à vida.
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