Uma ficção científica de Ken Russell. Isso já é
o bastante para atiçar a curiosidade que qualquer cinéfilo para com esta obra,
mas (como é de praxe no fervilhante cinema de Russell) ela guarda muito mais.
William Hurt é Eddie Jessup, jovem cientista
que acredita ser capaz de vislumbrar, por meio de uma brutal experiência de
regressão, as origens primitivas do ser humano, ou talvez até da própria vida
terrestre.
Os anos passam com ele alimentando essa
obsessão à medida que sua relação com a namorada Emily (a bela e ruiva Blair
Brown) se converte em casamento.
Usando de uma série de técnicas misturadas
(hipnose, ingestão de alucinógenos e imersão num tanque de água), Jessup obtém
um resultado inesperado, que ameaça transformá-lo definitivamente numa versão
primitiva de ser humano, e daí em algo ainda mais retrógado, pondo em risco
tudo o que conquistou na vida.
Só mesmo Ken Russell e sua visão peculiar sobre
o mundo e o cinema seriam capazes de materializar em película uma trama
aparentemente infilmável como esta. Em suas mãos, o roteiro exótico e esotérico
de Paddy Chayefsky, resulta num espetáculo intrigante e único que discute as
regiões fronteiriças e nebulosas entre a religião e a ciência, e lança um olhar
sobre a imponderável busca pela origem de nossa humanidade.
William Hurt, em sua estréia no cinema, se sai
magnificamente bem ao personificar as facetas complexas da obsessão, assim como
são também magníficas a trilha sonora de John Corigliano e a direção de
fotografia de Jordan Cronenweth (de “Blade Runner”, queria o quê?!), mas todos
esses fatores apenas emolduram a técnica singular com a qual Ken Russell expõe
as inquietações pessoais, filosóficas, científicas e metafísicas do ser humano.
Um dos grandes filmes de ficção científica do
cinema. E um dos mais desconhecidos também...
Nenhum comentário:
Postar um comentário