O “mash-up” surgiu como um sub-gênero literário
e logo migrou para o cinema quando suas obras começaram a ganhar adaptações.
Grande responsável por esse filão, o escritor
Seth Grahame-Smith viu seu “Abraham Lincoln-Caçador de Vampiros” adaptado por Timur
Bekmanbetov num filme tão alucinado e descerebrado quanto se pode imaginar. Era
questão de tempo até que seu livro mais comentado virasse filme.
“Orgulho & Preconceito & Zumbis” como o
seu título já leva a supor, pega a história clássica de Jane Austen e introduz
enxertos de um apocalypse zumbi, temperando de gore, ação e pancadaria a trama
de romance entre o contido Mr. Darcy e a sonhadora Elizabeth Bennett.
A diferença é que basicamente eles param de
fazer o quê estavam fazendo para matar zumbis, e pronto!
Dizer que o livro (e por conseguinte, o filme)
é uma afronta aos textos de Jane Austen é chover no molhado. A idéia é levar
divertimento à quem comprar essa premissa um tanto quanto absurda.
O verdadeiro problema não é apenas o fato de
que o próprio filme adaptado da obra original. “Orgulho e Preconceito”, de Joe
Wright com Keira Knightley, é infinitamente melhor, mais bem acabado e mais
cinematográfico do que este.
O grande problema do filme é que há um quebra
brutal de ritmo e clima quando a história é interrompida para dar lugar ao
contexto dos zumbis: Os personagens declamam o texto requintado de Austen às
voltas com suas complicações amorosas e, de repente, sem mais nem menos, saem
dando tiros, machadadas e golpes de faca em mortos-vivos que vão aparecendo.
Nem mesmo o esforço do roteiro em agregar esses elementos à trama conhecida e
tentar harmonizá-los soa interessante –principalmente porque ele é
profundamente falho na maior parte do tempo.
Como Elizabeth Bennett, a atriz Lily James (de “Downton
Abbey” e da versão live-action de “Cinderella”) é de uma beleza e carisma
apropriados à personagem, mas não se compara à Keira Knightley. O mesmo se pode
dizer de Sam Riley (“Control”) como Mr. Darcy, que tem um trabalho um pouco
mais difícil: Não só porque o personagem de início é desafiador, como também
pelos vários atores sensacionais que o interpretaram em várias outras versões –não
apenas o ótimo Matthew McFadyen, no filme de Joe Wright, mas também o grande
Colin Firth e até mesmo Lawrence Olivier!
Percebe-se, por aí, no quê esse filme está
mexendo!
O diretor Burr Steers (de “A Morte e A Vida de
Charlie”) demonstra um esforço visível fazendo o melhor que pode: Ele valoriza
a produção com uma câmera bem posicionada e compõe as melhores imagens possíveis,
enfatizando os aspectos técnicos bem acabados, mas isso em momento algum trás
harmonia para o filme, que segue truncado e estranho, tornando difícil elucidar
exatamente para qual público ele foi feito.
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