Vez ou outra a Disney acerta, e muito, com suas
animações. Tome o exemplo deste trabalho com animais que vivem num mundo que
simula a sociedade humana (como a Disney tanto gosta de fazer), que chegou ao
cinema e, sem mais nem menos, conquistou público e crítica e, agora, não só é
uma das maiores bilheterias do ano, como está a caminho de ser uma das maiores
bilheterias dos estúdios Disney!
Basta um olhar atento para perceber, contudo,
que esse sucesso não foi ao acaso: “Zootopia” é de um brilhantismo que há muito
tempo a Disney não demonstrava desvinculada da Pixar.
O título do filme dá nome à uma grande cidade,
onde os mais variados animais buscam co-existir. Presas e predadores.
Herbívoros e carnívoros. Vertebrados e invertebrados. Grandes e pequenos. Daí o
trocadilho do nome.
É para lá que vai a apaixonante coelhinha Jodie Hopps com um sonho bem peculiar: Torna-se policial, a despeito do fato de que
coelhos são, quase sempre, agricultores e que o trabalho da polícia é reservado
aos animais de grande porte.
Ela enfrentará barreiras, claro, e irá perceber
que, entre o conceito de co-existência pacífica entre espécies que rege
Zootopia, e a realidade que ela encontrará nas ruas, há um abismo de
contradição e diferença.
Essa idéia, brilhantemente elaborada pela
Disney (e tão rica que pode, e deve, render outros longas de animação),
torna-se um terreno fértil onde a história pode falar sobre preconceito,
discriminação, segregação e luta de classes, usando magistralmente a metáfora
como forma de levar assuntos pertinentes de nosso mundo aos pequenos, sem
expô-los tão cedo à suja e chocante realidade.
E ainda sobra espaço para espertas referências
cinematográficas: A mais sensacional, certamente, é a família de pequeninos
gambás que faz às vezes de Família Corleone de “O Poderoso Chefão” (!).
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