Cult movie absoluto surgido em meados da década
passada, o trabalho do diretor Jared Hess não parece aceitar meios termos: Sua
encenação possui simetria como forma de ressaltar a ironia, quando ela existe.
As caracterizações ficam num equilíbrio entre a caricatura e um humor muito
particular.
Não há
propriamente uma história, o que acompanhamos vem a ser um fragmento da vida
estudantil, social e familiar de Napoleão Dynamite, um adolescente alienado do
meio-oeste rural norte-americano em plenos anos 1980, com todas as músicas
características, roupas anacrônicas para os padrões de hoje, e personagens
bizarros a que se tem direito.
Membro de uma família das mais esquisitas,
Napoleão tem um irmão tão tímido quanto desengonçado, e um tio que, em sua
falta de noção, acredita ser galã, quando na verdade ainda vive numa época em
que fazia algum sucesso como atleta (a cena em que ele compra um aparelho à venda
na TV, num canal picareta de compras, que promete fazê-lo voltar no tempo é
hilária!).
O único amigo de Napoleão é Pedro, um imigrante
mexicano que, como ele, é o alvo de bullying local. Pedro tem lá suas
aspirações políticas e chega a se candidatar para um cargo de destaque entre os
alunos, incapaz de perceber o quanto suas atitudes são estranhas: Num acesso
súbito de calor, ele rapa os cabelos e, com vergonha por ter ficado careca
resolve usar uma peruca (!).
As cenas do filme, assim, se sucedem uma a uma
num tom tão incomum quanto desconcertante.
Essa mescla desigual de estilo e peculiaridade
narrativa resultou num inesperado sucesso alternativo independente que abriu as
portas de Hollywood para seu protagonista, o naturalmente desengonçado Joh
Hedder e para seu diretor (que depois realizou "Nacho Libre").
Um apanhado de cenas absolutamente memoráveis
ao fim do qual nos descobrimos torcendo, cativados pela presença exótica e
comovidos pelas desventuras tão autênticas desse personagem inesquecível.
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