sábado, 9 de julho de 2016

Napoleão Dynamite

Cult movie absoluto surgido em meados da década passada, o trabalho do diretor Jared Hess não parece aceitar meios termos: Sua encenação possui simetria como forma de ressaltar a ironia, quando ela existe. As caracterizações ficam num equilíbrio entre a caricatura e um humor muito particular.
 Não há propriamente uma história, o que acompanhamos vem a ser um fragmento da vida estudantil, social e familiar de Napoleão Dynamite, um adolescente alienado do meio-oeste rural norte-americano em plenos anos 1980, com todas as músicas características, roupas anacrônicas para os padrões de hoje, e personagens bizarros a que se tem direito.
Membro de uma família das mais esquisitas, Napoleão tem um irmão tão tímido quanto desengonçado, e um tio que, em sua falta de noção, acredita ser galã, quando na verdade ainda vive numa época em que fazia algum sucesso como atleta (a cena em que ele compra um aparelho à venda na TV, num canal picareta de compras, que promete fazê-lo voltar no tempo é hilária!).
O único amigo de Napoleão é Pedro, um imigrante mexicano que, como ele, é o alvo de bullying local. Pedro tem lá suas aspirações políticas e chega a se candidatar para um cargo de destaque entre os alunos, incapaz de perceber o quanto suas atitudes são estranhas: Num acesso súbito de calor, ele rapa os cabelos e, com vergonha por ter ficado careca resolve usar uma peruca (!).
As cenas do filme, assim, se sucedem uma a uma num tom tão incomum quanto desconcertante.
Essa mescla desigual de estilo e peculiaridade narrativa resultou num inesperado sucesso alternativo independente que abriu as portas de Hollywood para seu protagonista, o naturalmente desengonçado Joh Hedder e para seu diretor (que depois realizou "Nacho Libre").
Um apanhado de cenas absolutamente memoráveis ao fim do qual nos descobrimos torcendo, cativados pela presença exótica e comovidos pelas desventuras tão autênticas desse personagem inesquecível.



Nenhum comentário:

Postar um comentário