Em meados da década de 1990, fui apresentado à
toda a magia do mexicano Alfonso Cuarón por meio deste filme singelo, lúdico,
recheado de pequenos pormenores, no qual ele conta a história da pequena e
imaginativa Sarah (a encantadora Liesel Matthews) e suas desventuras imbuídas
de um clima de Charles Dickens, quando ela é deixada, em meados da Segunda
Guerra Mundial, por seu pai (Liam Cunningham) em um internato nova-iorquino só
para meninas, para que ele possa contribuir na frente de batalha.
Ao ser dado como morto (na realidade, ele
apenas perdeu a memória, mas isso não vem ao caso...), a menina perde seu
direito à vaga que tinha na escola, e passa a ter de trabalhar para viver lá, o
quê a torna uma empregada servil para as mesmas meninas que a idolatravam por
sua prodigiosa capacidade de contar histórias envolventes e emocionantes.
Apesar dessas condições terríveis, e da
opressora vilania da diretora do internato (Eleanor Brown), Sarah não se mostra
disposta a desistir, nem a sucumbir perante as adversidades.
Assim, Cuarón constrói um filme que tem
particularidades adultas, com técnica de gente grande, mas que guarda
características fascinantes que chegam às crianças, como um elenco infantil
hipnótico e uma paleta de cores –na qual prevalece um verde carregado de
significado –que remete à um conto de fadas.
Uma pequena obra-prima de um realizador que
entregaria muitas mais, nos anos por vir.
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