Meio esquecido hoje em dia pelas novas gerações
de cinéfilos e expectadores médios, esta produção foi relativamente marcante
nos anos 1990, estabelecendo (ao lado de “Independence Day”, no mesmo ano) um
novo padrão estético para os blockbusters realizados dali para frente. A
direção do holandês Jan De Bont (outrora diretor de fotografia) não deixava
dúvidas: Eram os efeitos visuais os personagens principais do filme, e até
mesmo seus protagonistas humanos, Bill Paxton e Helen Hunt, aparecem
conformados com esse fato em cena, comportando-se, muitas vezes, como
coadjuvantes.
Eles são, à propósito, um casal de ‘caçadores
de tornados’ em meio à um complicado processo de separação. Ele arrasta a
namorada (Jami Gertz, que fez alguns filmes nos anos 1980) para os confins do
Kansas a fim de obter a assinatura da ex-esposa para os papéis de divórcio, mas
isso tudo é mera embromação.
O quê de fato importa é que o lugar está para
sofrer uma das mais intensas temporadas de furacões dos últimos anos, e esse
grupo está mais do que disposto à passar por ela para coletar dados que
possibilitem a criação de um sistema mais eficaz de alerta... ou algo assim.
Isso porque o tratamento dado à trama –e, por
conseqüência, aos personagens –é tão insípido e superficial que tudo, quando
muito, se sustenta como pretexto para o encaminhamento das cenas de ação; mesmo
presenças como o mais tarde consagrado Phillip Seymour Hoffman são adereços
básicos sem maiores cuidados, que tão somente somam no sentido de justificar os
momentos intensos.
De Bont sequer faz questão de esconder isso e,
tal qual já fizera em seu filme anterior –aquele que o havia revelado
–“Velocidade Máxima”, ele converge a narrativa, seja o suspense ou a trama que
com ela costura, para esses momentos específicos, quando os verdadeiros
protagonistas aparecem: Os mais fotogênicos e ultrarealistas furacões que a
computação gráfica foi capaz de conceber para o cinema.
Ao menos nesse quesito o filme se saiu
magnificamente bem: Até hoje não foi realizado um filme de mesmo tema que o
supere –a única pálida e vergonhosa tentativa é “No Olho do Furacão”, uma
bobagem, além de tudo filmado em ‘found footage’, que mesmo com décadas de
aperfeiçoamento na área de efeitos de computação gráfica, não conseguiu igualar
as sequências mais empolgantes deste pequeno clássico dos filmes descerebrados
de ação.
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