terça-feira, 20 de setembro de 2016

Twister

Meio esquecido hoje em dia pelas novas gerações de cinéfilos e expectadores médios, esta produção foi relativamente marcante nos anos 1990, estabelecendo (ao lado de “Independence Day”, no mesmo ano) um novo padrão estético para os blockbusters realizados dali para frente. A direção do holandês Jan De Bont (outrora diretor de fotografia) não deixava dúvidas: Eram os efeitos visuais os personagens principais do filme, e até mesmo seus protagonistas humanos, Bill Paxton e Helen Hunt, aparecem conformados com esse fato em cena, comportando-se, muitas vezes, como coadjuvantes.
Eles são, à propósito, um casal de ‘caçadores de tornados’ em meio à um complicado processo de separação. Ele arrasta a namorada (Jami Gertz, que fez alguns filmes nos anos 1980) para os confins do Kansas a fim de obter a assinatura da ex-esposa para os papéis de divórcio, mas isso tudo é mera embromação.
O quê de fato importa é que o lugar está para sofrer uma das mais intensas temporadas de furacões dos últimos anos, e esse grupo está mais do que disposto à passar por ela para coletar dados que possibilitem a criação de um sistema mais eficaz de alerta... ou algo assim.
Isso porque o tratamento dado à trama –e, por conseqüência, aos personagens –é tão insípido e superficial que tudo, quando muito, se sustenta como pretexto para o encaminhamento das cenas de ação; mesmo presenças como o mais tarde consagrado Phillip Seymour Hoffman são adereços básicos sem maiores cuidados, que tão somente somam no sentido de justificar os momentos intensos.
De Bont sequer faz questão de esconder isso e, tal qual já fizera em seu filme anterior –aquele que o havia revelado –“Velocidade Máxima”, ele converge a narrativa, seja o suspense ou a trama que com ela costura, para esses momentos específicos, quando os verdadeiros protagonistas aparecem: Os mais fotogênicos e ultrarealistas furacões que a computação gráfica foi capaz de conceber para o cinema.

Ao menos nesse quesito o filme se saiu magnificamente bem: Até hoje não foi realizado um filme de mesmo tema que o supere –a única pálida e vergonhosa tentativa é “No Olho do Furacão”, uma bobagem, além de tudo filmado em ‘found footage’, que mesmo com décadas de aperfeiçoamento na área de efeitos de computação gráfica, não conseguiu igualar as sequências mais empolgantes deste pequeno clássico dos filmes descerebrados de ação.

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