Em face do clássico moderno (e atemporal) que
este brilhante trabalho do diretor Ridley Scott se transformou, é um pouco
difícil enxergar, hoje, um de seus mais notáveis méritos.
Em meados do ano 2000, era algo muito
improvável ver passando nas telas de cinema um épico sobre a Roma Antiga,
especialmente materializado pelos arrojados recursos de efeitos visuais da
atualidade.
Já faziam décadas desde os últimos exemplares
de tal gênero, outrora tão popular na Antiga Hollywood –sendo, talvez, o épico
“Spartacus”, de Stanley Kubrick, o últimos de seus grandes exemplares.
Coube ao gênio criativo e à incisiva concepção
estética de Scott a tarefa de recriar todo esse gênero nesta superprodução
cheia de personalidade e fôlego.
Durante o império romano, Marco Aurélio
(Richard Harris), o imperador, declara a seu filho e sucessor Commodus (Joaquim
Phoenix) sua intenção de passar seus
poderes de comando a seu primeiro general Maximus (Russell Crowe), dando os
primeiros passos em direção à dissolução do império e à restauração da
república. Mas Commodus, ambicioso, assassina o próprio pai e assume seu
império, fazendo com que Maximus após quase ser morto, tenha que fugir como
escravo. Vendido a Proximo, um treinador de gladiadores (Oliver Reed, falecido durante
as filmagens), Maximus aos poucos arquiteta seu retorno a Roma, como mais um
dos gladiadores a entreter a plebe nas areias do Coliseu. Nada o impedirá de
vingar-se de Commodus, e fazer justiça a Marco Aurélio.
Tão sensacional em sua audácia técnica quanto o
foi “Blade Runner”, nos anos 1980, “Gladiador” representa um marco sem igual na
carreira de Ridley Scott –o diretor cujo trabalho de maior expressão havia sido
o premiado “Thelma & Louise”, num longínquo 1991, vinha de um período
periclitante, onde contava quase uma década sem entregar um grande trabalho.
Com “Gladiador” ele provou que, ao contrário do
que alguns detratores alardeavam, seu ímpeto narrativo tinha muito ainda a
oferecer ao cinema: Este épico majestoso, empolgante e formidável foi o
primeiro exemplar de uma nova fase magnífica, talvez a melhor de sua carreira,
onde Scott entregou sucessivos trabalhos que , se não eram todos completamente
espetaculares, pelo menos muitos deles vinha providos de ocasional brilhantismo
e excelência, como “Falcão Negro em Perigo”, “Cruzada”, “O Gângster”, “Perdido
Em Marte” e outros.
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