terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra

Uma genuína aventura a moda antiga que homenageia os filmes de piratas e capa & espada tão celebrados na época da Velha Hollywood.
O início do filme introduz, ainda em tenra idade, o casalzinho que será o par romântico (e supõe-se, protagonista) do filme –mas, curiosamente, eles são, mais tarde, deixados de lado em prol do grande personagem da produção, mas... estou me antecipando.
A jovem Elizabeth Swann, filha do governador de Porto Royal (breve presença de Jonathan Price), cresce em meio às embarcações que transitam pelo Caribe, então província da Inglaterra durante o século XIX, o auge da pirataria.
Numa noite impregnada de mau agouro, o navio de seu pai resgata um pequeno náufrago do mar, um jovem chamado Will Turner, portando um medalhão que indica ser ele filho de um pirata. Temendo pela vida do garoto (piratas eram enforcados sem perdão na época), Elizabeth esconde seu medalhão de todos.
Os anos passam. Elizabeth torna-se uma linda mulher (a bela inglesinha Keira Knightley, basicamente revelada neste filme) e Will Turner (Orlando Bloom, em alta por sua participação na trilogia “O Senhor dos Anéis”, como Legolas), adotado pelo ferreiro local, torna-se um hábil fabricante de espadas.
É quando chega a Porto Royal o pirata Jack Sparrow (Johnny Depp, naquele que é o grande personagem da produção, mencionado acima) buscando recuperar seu antigo navio tomado anos atrás pelo amotinado Capitão Barbosa (Geoffrey Rush, um perfeito e divertido contraponto à atuação de Depp).
Em meio à disputa que se desenha entre esses dois personagens está o jovem casal de apaixonados (o medalhão que Elizabeth guardou desde então, e que comprova a origem pirata de Will, é um artefato que os piratas desejam obter à todo o custo), assim como uma maldição que recaiu sobre a tripulação e que os transforma em esqueletos à luz do luar –e a única maneira de quebrar tal maldição está, entre outras coisas, em recuperar o medalhão.
A partir daí, seguem-se frenéticas e vertiginosas reviravoltas, proporcionadas em grande parte, pelo espírito ardilosamente vigarista de Jack Sparrow, além de diversas e sucessivas situações, por meio das quais o roteiro do filme continuamente aborda momentos-chaves do gênero pirataria: Devidamente justificadas na trama, haverá cenas em que os personagens andam na prancha (!); batalhas navais com direito à tiros de canhão; perseguições à moda antiga onde os personagens exibem dotes acrobáticos que remetem ao Burt Lancaster de “O Gavião e A Flecha”.
Não obstante essa pulsante homenagem ao gênero que busca pertencer, este “Piratas do Caribe” –o primeiro de uma série que até agora rendeu quatro longa-metragens (o quinto está por ser lançado este mesmo ano!) –se sustenta como filme e como passatempo de fato graças aos elementos que, por acaso, lhe guardam originalidade. Sendo assim, esta versão cinematográfica para um conhecido brinquedo dos parques temáticos da Disneyworld tinha tudo para resultar numa obra superficial e picareta, visto a natureza do projeto, porém, felizmente, o material caiu nas mãos de uma competente equipe, como o diretor Gore Verbinski (recém-saído de um surpreendente sucesso de público, o terror “O Chamado”), o produtor Jerry Buckenheimer (sempre uma garantia de produção esmerada) e um departamento inventivo e prodigioso de efeitos visuais (as seqüências em que os piratas se tornam esqueletos são de uma minúcia e criatividade que há tempos não se via em produções-pipoca), que juntos transformaram a premissa numa obra divertidíssima. Entretanto, nada seria o mesmo sem o ator Johnny Depp: Em suas mãos, o sarcástico e ambíguo protagonista, Capitão Jack Sparrow, ganha uma interpretação única e inspirada, valorizando por completo, e elevando a um patamar de requinte o que poderia ter sido um mero divertimento.

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