quinta-feira, 23 de março de 2017

Heavy Metal 2000

Quase duas décadas se passaram (durante as quais o primeiro filme ganhou um inigualável status de obra cult) até que alguém tivesse a idéia de realizar uma continuação do pulsante, criativo e inconformista “Heavy Metal-Universo Em Fantasia”.
Ninguém relacionado a produção daquele filme voltou, o quê já promove neste trabalho uma diferença conceitual gritante de estilo (ressaltado pelo fato de que as diferentes técnicas de animação, pertencentes a épocas distintas, abrem um verdadeiro abismo entre os dois trabalhos) e, como se tudo isso não fosse o bastante, o novos realizadores optaram por um outro formato: Ao invés de utilizar vários episódios oriundos da revista “Heavy Metal”, como no longa original, esta nova animação se dedica inteira a uma única trama, protagonizada pela heroína Julie Strain (uma presença perene nos quadrinhos, como musa dos leitores –a personagem praticamente se confunde com sua intérprete, modelo de mesmo nome –e esposa de um dos fundadores da revista, Kevin Eastman!), no que termina se assemelhando muito ao último (e, para alguns, melhor!) episódio do longa de animação original, aquele da heroína “Taarna”.
É no distante planeta Eden que vive Julie e sua irmã mais nova, quando esta é sequestrada pelo tenebroso vilão Tyler (na voz apropriada de Michael Ironside), outrora um pacato minerador transformado pela radiação maligna de uma espécie de amuleto verde –que muito se assemelha ao Locnar da animação original –num verdadeiro pirata espacial.
Traçando um objetivo para subjugar todo o universo e tornar-se imortal, o vilão parte para o planeta Uroboris, enquanto é perseguido pela brutalizada (e sexualizada) heroína Julie, que traça um objetivo para dele vingar-se (ainda que, em uma determinada cena, ela entre em ligeira contradição e protagonize uma cena de amor com o vilão com toda a nudez e sexo a que se tem direito!).
Perto do fim, a animação dos diretores Michael Coldewey e Michel Lemire torna explicita a proximidade com o episódio “Taarna” recriando com muita semelhança a cena em que a heroína se despe (mais nudez!) para então atravessar uma fonte de água e vestir seu uniforme definitivo de batalha.
Um misto de animação adulta –com vagos elementos que remetem aos desenhos japoneses –e uma inspiração algo obscura e escatológica de “Star Wars”. É necessário deixar de lado as comparações com o longa original de 1981 para apreciá-lo de verdade: A animação, embora aperfeiçoada na questão dos movimentos é, hoje, também ela datada (e a tentativa de fusão entre a animação tradicional e alguns elementos gerados em computação gráfica geram uma impressão de incompatibilidade ainda maior), a trilha sonora, com rock dos anos 1990 pode soar irrisória para expectadores atuais e a decisão de não realizar uma antologia como no primeiro filme deixa o resultado aquém do que poderia se esperar.
Ainda sim, a junção desses fatores compõem um filme desigual e interessante.

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