sexta-feira, 24 de março de 2017

Vicky Cristina Barcelona

O celebrado autor de cinema Woody Allen vinha de uma seqüência pouco frutífera de filmes realmente memoráveis na década de 1990 –e que adentrou alguns anos na década de 2000 –quando a maré começou a mudar e seu ímpeto criativo voltou com trágico suspense, carregado de aspectos de Dostoievski, “Match Point”, ambientado em Londres.
Ao mesmo tempo, parecia que ele havia descoberto uma nova musa: A formidável Scarlett Johansson, com quem depois fez o gracioso “Scoop-O Grande Furo” e este “Vicky Cristina Barcelona” –entre esses dois últimos ele ainda entregou o pouco conhecido suspense “O Sonho de Cassandra”.
Numa de suas premissas mais leves e descontraídas nos últimos tempos, Allen acompanha duas amigas norte-americanas de personalidades e temperamentos opostos que vão passar suas férias em Barcelona, na Espanha (e parecia ser também uma espécie de novo método criativo de Allen,na época, eleger cidades específicas como cenário de seus novos filmes, afastando-se –apenas por algum tempo –de sua tão adorada Nova York).
Vicky (Scarlett Johansson, perfeita e sensual como sempre, em sua terceira colaboração com o diretor) enxerga a viagem como uma forma de aproveitar a vida em toda sua plenitude, o quê inclui a possibilidade de alguns excessos. Já, Cristina (Rebecca Hall, atriz mais conhecida em teatro, que revela-se uma grata surpresa) sob o pretexto de acompanhar a amiga em seus percalços, evita as vicissitudes como forma de enfatizar sua virtude, lembrando o tempo todo que está noiva e de casamento marcado.
As duas acabam por se envolver com um sedutor artista plástico (o ótimo Javier Barden, recém-saído do oscarizado “Onde Os Fracos Não Têm Vez”) e seus sucessivos contratempos com sua tempestuosa ex-esposa (Penélope Cruz, nunca menos que sensacional no filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante).
Woody Allen entrega mais uma de suas teses do relacionamento de homens e mulheres, recheadas de sarcasmo e observações espirituosas. Ele utiliza os expedientes de sempre para o seu filme mais gracioso e simpático desde "Desconstruindo Harry" (pelos menos até realizar, alguns anos mais tarde, o maravilhoso “Meia Noite em Paris”), amparado, como de hábito, na maestria de um elenco brilhante.

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