O grupo de realizadores reunido em torno de
“Domino” é dos mais inusitados e curiosos: Além do falecido diretor Tony Scott
–cuja eclética carreira reúne filmes de vampiro (“Fome de Viver”), aventuras
oitentistas clássicas (“Top Gun”) e infindáveis colaborações com Denzel
Washington (“Maré Vermelha”, “Chamas da Vingança”, “De Já Vu”, “Incontrolável”
e outros) –temos também, o roteirista Richard Kelly, autor e diretor de “Donnie
Darko”, um dos mais desafiadores filmes dos anos 2000, e a inquieta inglesinha
Keira Knightley, atriz que, apesar da aparência bela e delicada, se identifica
bastante com a personagem real Domino Harvey, filha do ator Lawrence Harvey; e
que, à propósito, faleceu em meio às filmagnes desta produção.
Filha de uma celebridade, Domino estudou nos
melhores colégios e teve a melhor educação que uma menina de classe alta
poderia receber. Contudo, isso não deteve seu espírito rebelde que fez com que ela
fosse expulsa de todas as escolas por onde passou. Quando já tinha idade
adulta, Domino encontrou, por acaso, a única atividade para a qual sentia-se
perfeita: A de caçadora de recompensas! Ao lado de sua equipe, o experiente e
calejado Ed (Mickey Rourke), e o temperamental Choco (Edgar Ramirez), ela se
tornou uma lenda entre os profissionais do ramo.
Por meio de flashbacks, inserções narrativas,
momentos de delírio, cenas justapostas de efeito irônico e inúmeros outros
recursos usados por Scott (num de seus filmes mais desiguais), enxergamos toda
essa trajetória sob o prisma de uma de suas missões mais arriscadas e
mirabolantes: A captura de um fugitivo legal que, graças à ramificações que se
estenderam a uma dezena de personagens envolvidos, terminou num explosivo banho
de sangue numa das torres mais altas de Las Vegas, de propriedade de um
mafioso.
Esquia, ainda que um bocado sensual e bela,
Keira Knightley se entrega com garra ao papel de Domino, que exige dela,
inclusive breves cenas eróticas –no que parece ser um esforço para afastar-se
dos papéis de mocinha com o qual iniciou seu estrelato, como em “Piratas do
Caribe” e “Orgulho e Preconceito”.
Não obstante sua base numa história real, este
filme toma uma quantidade tal de ‘liberdades poéticas’ que o resultado termina
sendo uma aventura quase descerebrada, ocasionada por francos absurdos,
reviravoltas deliberadamente dramáticas e acarinhada por lampejos de realidade.
Devido, em grande parte à
natureza audaciosa da equipe aqui reunida, o filme do diretor Tony Scott não
parece querer ser uma biografia no sentido convencional do termo e o roteiro
fragmentado de Kelly (sem dúvida mais contido que em "Donnie Darko",
mas ainda assim cheio de elementos absurdos e de desordem narrativa) por vezes
brinca com o realismo (ou falta de) da sua história.
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