O tempo passou, Harrison Ford envelheceu, o
próprio Spielberg envelheceu (e nesse hiato sagrou-se como cineasta sério com
os Oscars vencidos por “A Lista de Schindler”, em 1993, e por “O Resgate do
Soldado Ryan”, em 1999), George Lucas continuou sendo George Lucas (incluindo
suas presepadas tentando resgatar “Star Wars” com a mal-fadada “Trilogia
Prólogo"), e também o mundo mudou e junto com ele a audiência dos cinemas –na
verdade, o próprio cinema mudou!
Mas, uma coisa parecia não ter mudado, de modo
geral: O público continuava ávido por uma nova aventura de Indiana Jones.
Eis que em 2008 –dezenove anos depois do
lançamento de “A Última Cruzada” –Spielberg, Lucas e Ford reuniram-se novamente
para mais uma aventura do mais famoso arqueólogo do cinema.
Escrita por Jeff Nathanson (que obteve
resultados esplêndidos trabalhando para Spielberg no roteiro de “Prenda-Me Se
For Capaz”), a trama apresentava, aos 65 anos, o Dr. Henry Jones (Harrison
Ford, tirando de letra o pique atlético exigido pelo personagem) ainda mantendo
suas atividades de explorador e aventureiro ao redor do mundo.
Nos anos 1950, ele agora testemunhava a Guerra
Fria e a vilanesca competição dos agentes russos por relíquias antigas
representados pela fria Comandante Spalko (Cate Blanchett, uma vilã impecável).
É quando surge Mutt Williams (Shia LaBeouf,
espécie de apadrinhado de Spielberg na época), um rapaz trajado com os mesmos
figurinos de Marlon Brando em “O Selvagem” –uma habitual piscadela cinéfila de
Spielberg –que pede ajuda a Jones para encontrar sua mãe Marion Ravenwood (Karen
Allen, de "Caçadores da Arca Perdida", regressando à série), assim
como o estudioso –e pinel –Prof. Harold Oxley (John Hurt, encarando um
personagem criado para substituir a participação não concretizada de Sean
Connery) que se perderam nas selvas da América do Sul à procura da lendária
Cidade dos Deuses Maias. Tal localização pode, ou não, ser revelada por outra
relíquia sagrada: a Caveira de Cristal de Akator, que Jones e seu novo parceiro
de aventuras tentam encontrar em algum ponto do México.
Embora Spielberg tenha recheado este filme com
elementos caros ao seu cinema –o mais notável deles, certamente, a introdução
de alienígenas na mitologia “Indiana Jones” –e de honrar cada uma das
características que fazem a série ser fenomenal, nada disso, impediu “O Reino
da Caveira de Cristal” de ser o pior de todos os filmes de Indiana Jones até
então. Motivos para isso não faltam: O personagem de Shia LaBeouf (assim como o
próprio ator), além de sofrível, é apático e sem carisma; a própria
participação de Karen Allen (celebrada pelos fãs antes da estréia do filme)
resulta frustrante, inclusive pela falta de timing da atriz que trabalhou muito
pouco depois da década de 1980; mas, o pior de tudo é quando os personagens
acabam vindo para terras brasileiras –a sucessão de incoerências, não apenas em
relação à confusão geográfica do roteiro (começa no território amazonense, após
uma breve descida de barco, chegam às cataratas de Foz do Iguaçu e, mais a
frente, termina num templo maia!), mas também as inverossimilhanças que se
sucedem a medida que o filme caminha para seu clímax, são bastante
prejudiciais.
Haviam coisas boas também, claro: Spielberg continuava
um diretor de mão cheia e uma das principais preocupações do público (a idade
de Harrison Ford) revelou-se infundada –Ford, seu invejável preparo físico e
sua identificação certeira com o personagem são, com freqüência, a melhor coisa
do filme.
Razões de sobra que
mantiveram acesa a chama para a esperança de que um sexto filme ainda seja
produzido. Estamos aguardando.
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