quarta-feira, 5 de julho de 2017

Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal

O tempo passou, Harrison Ford envelheceu, o próprio Spielberg envelheceu (e nesse hiato sagrou-se como cineasta sério com os Oscars vencidos por “A Lista de Schindler”, em 1993, e por “O Resgate do Soldado Ryan”, em 1999), George Lucas continuou sendo George Lucas (incluindo suas presepadas tentando resgatar “Star Wars” com a mal-fadada “Trilogia Prólogo"), e também o mundo mudou e junto com ele a audiência dos cinemas –na verdade, o próprio cinema mudou!
Mas, uma coisa parecia não ter mudado, de modo geral: O público continuava ávido por uma nova aventura de Indiana Jones.
Eis que em 2008 –dezenove anos depois do lançamento de “A Última Cruzada” –Spielberg, Lucas e Ford reuniram-se novamente para mais uma aventura do mais famoso arqueólogo do cinema.
Escrita por Jeff Nathanson (que obteve resultados esplêndidos trabalhando para Spielberg no roteiro de “Prenda-Me Se For Capaz”), a trama apresentava, aos 65 anos, o Dr. Henry Jones (Harrison Ford, tirando de letra o pique atlético exigido pelo personagem) ainda mantendo suas atividades de explorador e aventureiro ao redor do mundo.
Nos anos 1950, ele agora testemunhava a Guerra Fria e a vilanesca competição dos agentes russos por relíquias antigas representados pela fria Comandante Spalko (Cate Blanchett, uma vilã impecável).
É quando surge Mutt Williams (Shia LaBeouf, espécie de apadrinhado de Spielberg na época), um rapaz trajado com os mesmos figurinos de Marlon Brando em “O Selvagem” –uma habitual piscadela cinéfila de Spielberg –que pede ajuda a Jones para encontrar sua mãe Marion Ravenwood (Karen Allen, de "Caçadores da Arca Perdida", regressando à série), assim como o estudioso –e pinel –Prof. Harold Oxley (John Hurt, encarando um personagem criado para substituir a participação não concretizada de Sean Connery) que se perderam nas selvas da América do Sul à procura da lendária Cidade dos Deuses Maias. Tal localização pode, ou não, ser revelada por outra relíquia sagrada: a Caveira de Cristal de Akator, que Jones e seu novo parceiro de aventuras tentam encontrar em algum ponto do México.
Embora Spielberg tenha recheado este filme com elementos caros ao seu cinema –o mais notável deles, certamente, a introdução de alienígenas na mitologia “Indiana Jones” –e de honrar cada uma das características que fazem a série ser fenomenal, nada disso, impediu “O Reino da Caveira de Cristal” de ser o pior de todos os filmes de Indiana Jones até então. Motivos para isso não faltam: O personagem de Shia LaBeouf (assim como o próprio ator), além de sofrível, é apático e sem carisma; a própria participação de Karen Allen (celebrada pelos fãs antes da estréia do filme) resulta frustrante, inclusive pela falta de timing da atriz que trabalhou muito pouco depois da década de 1980; mas, o pior de tudo é quando os personagens acabam vindo para terras brasileiras –a sucessão de incoerências, não apenas em relação à confusão geográfica do roteiro (começa no território amazonense, após uma breve descida de barco, chegam às cataratas de Foz do Iguaçu e, mais a frente, termina num templo maia!), mas também as inverossimilhanças que se sucedem a medida que o filme caminha para seu clímax, são bastante prejudiciais.
Haviam coisas boas também, claro: Spielberg continuava um diretor de mão cheia e uma das principais preocupações do público (a idade de Harrison Ford) revelou-se infundada –Ford, seu invejável preparo físico e sua identificação certeira com o personagem são, com freqüência, a melhor coisa do filme.
Razões de sobra que mantiveram acesa a chama para a esperança de que um sexto filme ainda seja produzido. Estamos aguardando.

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