segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

O Lobisomem

A figura do lobisomem, da maneira como é conhecido no cinema, teve diversas incorporações: “O Lobisomem de Londres”, de 1935, com Henry Hull; “O Lobisomem”, de 1941, com Lon Chaney Jr.; o oitentista “Um Lobisomem Americano Em Londres”, de 1981 –o primeiro filme a ganhar o recém-instaurado Oscar de Melhor Maquiagem –e “Lobo”, de 1994, com Jack Nicholson, entre outros.
Há um pouco de cada um desses trabalhos na versão de 2009 do diretor Joe Johnston (de “Capitão América”) para este famoso monstro da Universal, mas, sobretudo, do filme de 1941 cujo protagonista Lawrence Talbot (Benicio Del Toro, todo manhoso), renomado ator do teatro britânico e afastado de casa a cerca de 20 anos, regressa a sua terra natal –uma pequena aldeia nos confins da Inglaterra vitoriana –a fim de esclarecer a misteriosa morte do irmão, assassinado pelo que parece ser uma criatura monstruosa e selvagem.
Lawrence retoma o convívio com a aflita cunhada Gwen (Emily Blunt, encantadora) e com o pai excêntrico e distante (Anthony Hopkins, no piloto automático) e, na calada da noite, sai ao encalço da misteriosa fera, mal conseguindo sobreviver ao seu ataque. Logo, sua maldição passará para ele, que se transformará no mesmo ser bestial durante a lua cheia.
O diretor Jonhston, pode-se afirmar, pegou o bonde andando nesta reformulação do clássico: O roteiro de Andrew Kevin Walker (de “Seven-Os Sete Crimes Capitais”), a exemplo do que ele já havia feito com o enredo de “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”, agrega elementos detetivescos ao conhecido tormento da dicotomia entre o homem bom e a fera selvagem que vive dentro dele, como o investigador Frederick Abberline (Hugo Weaving) extraído diretamente do caso verídico de Jack, O Estripador. Essas características foram inicialmente trabalhadas pelo diretor Mark Romanek (de “Retratos de Uma Obsessão” e “Não Me Abandone Jamais”) cuja visão excessivamente autoral deve ter entrado em conflito com as intenções do estúdio.
Johnston, de estilo mais maleável e comercial –e completamente distinto do de Romanek –assumiu o projeto para terminar o que o outro começou.
O resultado justamente por isso dispõe de qualquer rompante de personalidade em sua narrativa, embora salte aos olhos o fato de que os realizadores adotaram um sedutor estilo de horror gótico –enfatizado no primor técnico de seu desenho de produção –afastando-se do terror juvenil e do ‘torture-porn’, tendências então predominantes em meio às produções blockbusters.

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