A figura do lobisomem, da maneira como é
conhecido no cinema, teve diversas incorporações: “O Lobisomem de Londres”, de
1935, com Henry Hull; “O Lobisomem”, de 1941, com Lon Chaney Jr.; o oitentista
“Um Lobisomem Americano Em Londres”, de 1981 –o primeiro filme a ganhar o
recém-instaurado Oscar de Melhor Maquiagem –e “Lobo”, de 1994, com Jack
Nicholson, entre outros.
Há um pouco de cada um desses trabalhos na
versão de 2009 do diretor Joe Johnston (de “Capitão América”) para este famoso
monstro da Universal, mas, sobretudo, do filme de 1941 cujo protagonista
Lawrence Talbot (Benicio Del Toro, todo manhoso), renomado ator do teatro
britânico e afastado de casa a cerca de 20 anos, regressa a sua terra natal
–uma pequena aldeia nos confins da Inglaterra vitoriana –a fim de esclarecer a
misteriosa morte do irmão, assassinado pelo que parece ser uma criatura
monstruosa e selvagem.
Lawrence retoma o convívio com a aflita cunhada
Gwen (Emily Blunt, encantadora) e com o pai excêntrico e distante (Anthony
Hopkins, no piloto automático) e, na calada da noite, sai ao encalço da
misteriosa fera, mal conseguindo sobreviver ao seu ataque. Logo, sua maldição
passará para ele, que se transformará no mesmo ser bestial durante a lua cheia.
O diretor Jonhston, pode-se afirmar, pegou o
bonde andando nesta reformulação do clássico: O roteiro de Andrew Kevin Walker (de
“Seven-Os Sete Crimes Capitais”), a exemplo do que ele já havia feito com o
enredo de “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”, agrega elementos detetivescos ao
conhecido tormento da dicotomia entre o homem bom e a fera selvagem que vive
dentro dele, como o investigador Frederick Abberline (Hugo Weaving) extraído
diretamente do caso verídico de Jack, O Estripador. Essas características foram
inicialmente trabalhadas pelo diretor Mark Romanek (de “Retratos de Uma
Obsessão” e “Não Me Abandone Jamais”) cuja visão excessivamente autoral deve
ter entrado em conflito com as intenções do estúdio.
Johnston, de estilo mais maleável e comercial
–e completamente distinto do de Romanek –assumiu o projeto para terminar o que
o outro começou.
O resultado justamente por
isso dispõe de qualquer rompante de personalidade em sua narrativa, embora
salte aos olhos o fato de que os realizadores adotaram um sedutor estilo de
horror gótico –enfatizado no primor técnico de seu desenho de produção
–afastando-se do terror juvenil e do ‘torture-porn’, tendências então
predominantes em meio às produções blockbusters.
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