segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

O Fugitivo

A ação primordialmente bem conduzida pelo diretor Andrew Davis se vale de uma série de escolhas inteligentes para funcionar: A montagem dinâmica e perspicaz, o ritmo espontâneo e informativo imposto pelo roteiro, enquadramentos inesperados em resposta aos panoramas americanos convencionais que, mais tarde, foram devidamente assimilados pela indústria.
Richard Kimble (Harrison Ford, fantástico no papel) é um homem injustiçado: No mesmo incidente em que teve a esposa assassinada (“foi um homem de um braço só” terminou virando um bordão na época da série em que este filme se baseia), ele também terminou condenado por seu homicídio.
Nos primeiros minutos, o diretor Davis já promove a reviravolta fenomenal que irá engatilhar o filme: O espetacular acidente sofrido pelo ônibus que conduziria Kimble a uma penitenciária –e que o permite fugir para encontrar uma forma de tentar provar sua inocência nos anos por vir, enquanto busca escapar do encalço obstinado do agente federal Gerard (Tommy Lee Jones, extraordinário no personagem que lhe deu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante).

Além da condução prodigiosa, Andrew Davis não só demonstra habilidade ao ressaltar os predicados de seu roteiro e a astúcia de seus intérpretes, com freqüência perfeitos em seus papéis (além de Ford e Lee Jones, há Jeroen Krabbé, vilanesco como sempre, a participação da bela Sela Ward, como a esposa e até uma ponta sensacional e infelizmente muito pequena de uma ainda desconhecida Julianne Moore), como também enfileira uma cena antológica atrás da outra: O salto intrépido de Ford nas águas de um rio após uma aflitiva e labiríntica perseguição pelos túneis de um aqueduto; a fuga (por um triz) através de uma porta automática com vidro à prova de balas; o trecho em que a narrativa sugere um final iminente para então seguir por outro caminho; a inteligente e bem amarrada solução final.

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