segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

13 Horas - Os Soldados Secretos de Benghazi

Embora ele talvez viesse a negar, não dá para esconder a intenção de Michael Bay em trilhar um caminho parecido com o de Steven Spielberg (que para ele produziu a bem-sucedida adaptação dos “Transformers” para o cinema), de preferência com a mesma consagração e reconhecimento.
“Pearl Harbor” já representava toda uma intenção em emular, entre outros, “O Resgate do Soldado Ryan”. A grande obra bélica de Spielberg volta a servir de enorme referência à Michael Bay aqui, neste “13 Horas”, embora não apenas ela: Percebe-se também ecos poderosos do arrojado “Falcão Negro em Perigo”, de Ridley Scott.
Reencontrando um certo ímpeto que pareceu se dispensar na realização dos três primeiros filmes dos robôs que viram carros, Bay enveredou pela realização de seu melhor filme em muitos e muitos anos (o divertido e absurdo “Sem Dor, Sem Ganho”), e aqui realmente dedica-se na construção de uma obra vibrante e enérgica, sobretudo, em relação às suas cenas de tensão, de conflito e de perseguição.
O problema é a tentativa de Bay em soar um diretor amplamente capaz –coisa que ele não é –demandando tempo, na primeira metade, a desenvolver personagens que não são desenvolvidos e a aprofundar relações e motivações que não têm função narrativa exceto a de mostrar que ele saberia dirigir atores (não sabe...); se há algo positivo a se falar, é que ao menos desta vez Bay não se vale de piadinhas e trocadilhos engraçados para construir as cenas de baixa voltagem optando pela seriedade.
O filme foca num evento real ocorrido em 2010, quando uma embaixada americana em Benghazi, no Oriente Médio, ocupada por funcionários da Inteligência é sitiada por terroristas armadas disposto a promover uma carnificina. Seis ex-militares de elite recrutados para serviços de segurança são tudo o que aquelas pessoas têm para protegê-las dos inimigos ensandecidos. Não há muitos recursos. Não há transportes para uma ação evasiva. Não há tempo suficiente para uma operação de resgate vinda de fora. Tudo o que eles podem fazer é resistir até que algo seja feito.
Dividido em duas partes bem distintas, sendo a primeira –que se ocupa de relatar com calmaria o dia-a-dia na embaixada –consideravelmente mais fraca que a segunda, muito mais visceral, tensa e explosiva.
Embora conte com atores competentes –e conseguem se destacar, mais por mérito próprio do que por alguma ênfase no roteiro, o eficiente James Badge Dale (de “O Vôo”, “A Travessia” e “Homem deFerro 3”), o descontraído Pablo Schreiber (da série “Orange Is The New Black”) e o protagonista John Krasinski (normalmente mais associado a comédias) –o filme não trás personagens bem desenhados, e por isso mesmo, os momentos de tensão que os envolvem soam genéricos. O que Michael Bay faz bem (e isso ninguém duvida) é na questão estética: “13 Horas” é bem fotografado (Dion Beebe, seu diretor de fotografia, trabalhou em “Chicago” e em “Memórias de UmaGueixa”), bem montado e bem executado nos aspectos técnicos de suas cenas de batalha –e, nesse sentido, acaba também remetendo a todos os cânones do gênero ao qual Bay busca prestar tributo.

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