segunda-feira, 21 de maio de 2018

12 Homens e Uma Sentença


Após grandes obras que definiram o panorama cinematográfico da década de 1970, o diretor William Friedkin andou meio diluído em projetos incapazes de expor a contento sua habilidade desigual e seu talento feroz.
Ao chegar na década de 1990, suas grandes obras já não ressoavam na forma de maiores oportunidades no cinema restando o consolo da TV. É assim que chegamos a esta refilmagem televisiva do clássico de 1957 dirigido por Sidney Lumet que Friedkin encarou com disposição e energia.
Não há cenas externas em “12 Homens e Uma Sentença”. De acordo com a propensão artística de Lumet, tudo nele sugere um espetáculo essencialmente teatral, contudo, a obra de Friedkin estrapola essa condição paulatinamente através de posicionamentos petulantes de câmeras e jogadas cênicas que dão frenesi e alta voltagem a sua premissa.
Houve um crime (do qual temos apenas um indício sonoro durante a tela preta que introduz o título). E há, assim, um julgamento.
Ou melhor: Já houve. O roteiro de Reginald Rose (o mesmo do filme original) nos coloca diretamente na deliberação do júri, quando a sentença do réu (um rapaz latino que pode ou não ser culpado do crime) será decidida por doze jurados desconhecidos e anônimos.
A idéia é de que, se houver uma dúvida cabível, a culpa pode ser revogada. Em princípio, não é isso que ocorre: Liderados com certa ênfase por um senhor intransigente e apressado (George C. Scott, ótimo), o júri chega rapidamente ao veredicto de culpado. Entretanto, dois jurados (os magníficos Jack Lemmon e Hume Cronyn) levantam a possibilidade de uma série de dúvidas cabíveis.
Os demais têm pressa. Mas, os dois, pouco a pouco, os fazem ponderar melhor. Nesse processo, todos os doze jurados revelam algo novo acerca de suas próprias considerações morais: O rapaz que, de início, encara seu afazer com superficialidade, almejando ir ao jogo de futebol (Tony Danza); o senhor polido, culto e aparentemente sábio que usa a própria austeridade como forma de se proteger das incertezas (Armin Mueller-Stahl, sensacional); o operário-padrão desinteressado em capitanear opiniões, mas ciente das conseqüências (James Gandolfini, soberbo); o homem racista que, perto do fim, revela suas verdadeiras e torpes intenções (Mykelti Willianson, de “Forrest Gump”), e outros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário