segunda-feira, 11 de junho de 2018

Irmãos Gêmeos


Embora sempre houvesse um ou outro crítico rabugento que reclamasse de suas limitações como ator, não haviam dúvidas de que Arnold Schwarzenegger sabia muito bem conduzir sua carreira: Esperto, ele sabia que o período de vacas gordas como um dos astros marombados de Hollywood, embora frutífero naqueles anos 1980, tinha um prazo de validade, e iniciou cedo seus planos para reinventar-se –ainda que sempre agradando seu público.
A alternativa, nesse caso, foi a comédia.
Por muito tempo, Arnold procurou um roteiro que acomodasse bem as suas características físicas peculiares; ciente de que não é qualquer personagem que se encaixa num grandalhão musculoso de quase dois metros de altura!
Esse roteiro veio a ser “Irmãos Gêmeos”, e sua premissa (tão simples quanto eficiente), de fato, capturava a imaginação do público: Ele colocava Schwarzenegger, do alto de seu porte agigantado, como irmão gêmeo do baixinho (e sensacional ator), Danny De Vito.
Dirigido por Ivan Reitman –em alta com o sucesso de “Os Caça-Fantasmas” –o filme explora e aprofunda ainda mais as facetas largamente irônicas dessa proposta.
Schwarzenegger é Julius. De Vito é Vincent. Ambos foram fruto de uma experiência genética (genes de seis homens geniais foram combinados e introduzidos em uma bela mulher) cujo objetivo era gerar o ser humano perfeito.
Para surpresa dos cientistas envolvidos, duas crianças nasceram.
O irmão pequeno e mirrado, Vincent, foi despachado para o orfanato; e daí para uma juventude de delinquência e uma vida adulta cheia de golpes, foi um pulo.
O irmão maior e mais forte, Julius, foi enviado a uma ilha onde recebeu cuidadosa educação intelectual e cultural –entretanto, até os trinta anos não tinha nenhuma noção prática do mundo.
Julius descobre então que tem um irmão e decide partir em busca dele.
Desnecessário dizer que o encontro dos dois só potencializa –com plenos objetivos cômicos –as suas diferenças: Vincent tem toda a vivência de mundo que Julius, protegido em sua ilha de saber, não adquiriu. Ele ensina assim ao seu irmão mais forte os maneirismos necessários para prevalecer no mundo real, e até lhe descola uma namorada nas curvas de Marnie, interpretada pela deliciosa Kelly Preston.
É claro que seria obtuso esperar que houvesse uma interpretação rica em meandros da parte de Schwarzenegger (isso quem entrega é De Vito), mas, ele compensa esse lapso absolutamente consciente com uma presença inquestionavelmente carismática e uma consciência até bastante inteligente e apurada em cena de quem é como ator e como personagem.
“Irmãos Gêmeos” não é lembrado como um exemplar magnífico de comédia –e, de fato, alguns rumos de seu roteiro deixam a desejar –mas, seu sucesso de público foi o suficiente para que Schwarzenegger, nos anos vindouros, experimentasse outras incursões no gênero de comédia como os simpáticos “Um Tira No Jardim de Infância” e “Júnior”, ambos dirigidos por Ivan Reitman.

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