Embora sempre houvesse um ou outro crítico
rabugento que reclamasse de suas limitações como ator, não haviam dúvidas de
que Arnold Schwarzenegger sabia muito bem conduzir sua carreira: Esperto, ele
sabia que o período de vacas gordas como um dos astros marombados de
Hollywood, embora frutífero naqueles anos 1980, tinha um prazo de validade, e
iniciou cedo seus planos para reinventar-se –ainda que sempre agradando seu
público.
A alternativa, nesse caso, foi a comédia.
Por muito tempo, Arnold procurou um roteiro que
acomodasse bem as suas características físicas peculiares; ciente de que não é
qualquer personagem que se encaixa num grandalhão musculoso de quase dois
metros de altura!
Esse roteiro veio a ser “Irmãos Gêmeos”, e sua
premissa (tão simples quanto eficiente), de fato, capturava a imaginação do
público: Ele colocava Schwarzenegger, do alto de seu porte agigantado, como
irmão gêmeo do baixinho (e sensacional ator), Danny De Vito.
Dirigido por Ivan Reitman –em alta com o
sucesso de “Os Caça-Fantasmas” –o filme explora e aprofunda ainda mais as
facetas largamente irônicas dessa proposta.
Schwarzenegger é Julius. De Vito é Vincent.
Ambos foram fruto de uma experiência genética (genes de seis homens geniais
foram combinados e introduzidos em uma bela mulher) cujo objetivo era gerar o
ser humano perfeito.
Para surpresa dos cientistas envolvidos, duas
crianças nasceram.
O irmão pequeno e mirrado, Vincent, foi
despachado para o orfanato; e daí para uma juventude de delinquência e uma vida
adulta cheia de golpes, foi um pulo.
O irmão maior e mais forte, Julius, foi enviado
a uma ilha onde recebeu cuidadosa educação intelectual e cultural –entretanto,
até os trinta anos não tinha nenhuma noção prática do mundo.
Julius descobre então que tem um irmão e decide
partir em busca dele.
Desnecessário dizer que o encontro dos dois só
potencializa –com plenos objetivos cômicos –as suas diferenças: Vincent tem toda
a vivência de mundo que Julius, protegido em sua ilha de saber, não adquiriu.
Ele ensina assim ao seu irmão mais forte os maneirismos necessários para
prevalecer no mundo real, e até lhe descola uma namorada nas curvas de Marnie,
interpretada pela deliciosa Kelly Preston.
É claro que seria obtuso esperar que houvesse
uma interpretação rica em meandros da parte de Schwarzenegger (isso quem
entrega é De Vito), mas, ele compensa esse lapso absolutamente consciente com
uma presença inquestionavelmente carismática e uma consciência até bastante
inteligente e apurada em cena de quem é como ator e como personagem.
“Irmãos Gêmeos” não é lembrado como um exemplar
magnífico de comédia –e, de fato, alguns rumos de seu roteiro deixam a desejar
–mas, seu sucesso de público foi o suficiente para que Schwarzenegger, nos anos
vindouros, experimentasse outras incursões no gênero de comédia como os
simpáticos “Um Tira No Jardim de Infância” e “Júnior”, ambos dirigidos por Ivan
Reitman.
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