Foi em parte devido à “Tubarão” que Steven
Spielberg decidiu por regressar ao seu filme de dinossauros para dar a ele uma
continuação: Após o imenso sucesso de seu filme de 1975, Spielberg seguiu os
rumos já conhecidos de sua carreira e não voltou para as continuações (que ao
longo dos anos ficaram em mais ou menos meia dúzia de filmes) e, como
consequência disso, “Tubarão 2” –assim como todos que o sucederam –foi uma
catástrofe.
Foi esse pensamento que levou Spielberg, em
1997, a encarar mais um filme envolvendo os dinossauros na Ilha Nublar –a sede
original do Jurassic Park.
Ian Malcolm, o personagem de Jeff Goldblum, foi
promovido, de um quase alívio cômico, para o protagonista, e ao parece, isso
promoveu no personagem uma alteração contrastante de personalidade: Se antes
ele era despreocupado e despreendido, aqui ele se mostra aflito e perplexo.
Cinco anos depois dos eventos que levaram o
Jurassic Park a ser abandonado antes mesmo de sua inauguração, os dinossauros
continuam lá contra todas as expectativas –e completamente alheios aos humanos.
Fica claro, contudo, que uma providência deve
ser tomada, sobretudo, depois que uma família acaba inadvertidamente ancorando
com seu iate na ilha e a filhinha pequena (vivida por Camilla Belle, filha de
brasileiros) é atacada por dinossauros menores.
O proprietário do lugar, John Hammond (mais uma
vez vivido pelo veterano Richard Attenborough, com pouquíssimo tempo de cena),
faz mais uma das suas e recruta para uma missão de reconhecimento a fotógrafa
Sarah Harding (Julianne Moore, fazendo o que pode com uma personagem não muito
bem construída), justamente a atual namorada de Ian Malcolm, que nesses últimos
cinco anos buscou denunciar o descaso de Hammond em relação às criações na
ilha.
Agora, Malcolm e uma equipe de resgate
(incluindo um jovem Vince Vaughn, anos antes de reinventar-se como bem-sucedido
comediante) devem voltar à Ilha Nublar a fim de encontrar Sarah.
A decisão de Spielberg em manter-se na direção
não preservou a mesma qualidade a este segundo “Jurassic Park”: Ele até tenta
ir além do filme anterior com tentativas de aprimoramento nos consagrados
efeitos visuais (como as sequências em que os dinossauros digitais são
materializados, desta vez, contra a luz do sol, cujo resultado não chega a
acrescentar muito ao assombro desconcertante do filme original), novas adições
no elenco (e embora Julianne Moore, assim como Vanessa Lee Chester, de “APrincesinha”, o veterano Pete Postlethwaite e Arliss Howard, de “Nascido ParaMatar”, façam sua parte, não existem justificativas plausíveis para não se ter
aproveitado o ótimo protagonista do filme original, vivido por Sam Neil), e até
mesmo um terceiro terço pretensamente eletrizante onde a ambientação é
radicalmente modificada para a cidade grande, numa alusão à “King Kong”, mas
nada disso afasta a forte sensação de que havia no filme original uma magia que
esta continuação falhou em resgatar.
Não é um filme ruim, mas para aquilo que se
espera de Spielberg é muito pouco.
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