segunda-feira, 23 de julho de 2018

A Primeira Transa de Jonathan


Quando começa, o humor deliciosamente oitentista do filme já comparece nos créditos iniciais onde se lê: “Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante...” –assim, naquela que deve ser uma das mais descaradas referências à “Star Wars” (e muito antes de referências se tornarem habituais em comédias), logo o filme intercala sua ambientação “Ohio, 1956”.
“Mischief” –ou, “A Primeira Transa de Jonathan” título em português que, como veremos à frente não chega a ser representativo ao filme –em seu humor prazeroso e ingênuo, mas não destituído das malícias inerentes aos filmes sobre adolescentes com hormônios em ebulição, se situa como um meio-termo entre o tom libidinoso de comédias eróticas como “Porky’s” e o romantismo mais inocente das obras de John Hugues, como “Clube dos Cinco” ou “A Garota de Rosa Shocking”; o quê faz dele um exemplar um tanto interessante entre os trabalhos popularescos da década de 1980.
O protagonista Jonathan (Doug McKeon) obedece às características da maioria dos aparvalhados heróis de comédias adolescentes daqueles tempos: É tímido, franzino, atrapalhado e completamente apaixonado pela bela e deliciosa Marilyn (Kelly Preston, um sonho!), garota que, ele tem quase certeza, até então jamais notou sua existência.
As coisas começam a mudar para Jonathan quando ele conhece seu novo vizinho Gene (Chris Nash, que quando eu vi o filme pela primeira vez, ainda bem jovem, nos anos 1980, eu jurava que era o John Travolta!).
Na sua atitude rebelde e na postura que tem tudo a ver com James Dean (cujo “Juventude Transviada”, a referência-mor para este filme, é exibido, citado, mencionado e recriado em diversos momentos), Gene é tudo que Jonathan não é: Alguém que, de imediato chama a atenção das garotas; inclusive da angelical Bunny (Catherine Mary Stewart), o quê o coloca em rota de colisão com o almofadinha pretendente dela, o arrogante Kenny (D. W. Brown).
Jonathan e Gene se tornam grandes amigos, e acaba virando uma cruzada para este último conseguir fazer com que Jonathan leve a cobiçada Marilyn para a cama –e isso acontece, não no desfecho do filme, como se poderia imaginar, mas, lá pela metade, deixando claro que não é “a primeira transa de Jonathan” o cerne da história ou da narrativa: Embora, sem sombra de dúvida, a cena onde a maravilhosa Kelly Preston fica nua (com méritos, uma das grandes cenas de nudez do cinema) seja a razão pelo qual o filme é lembrado.
Na verdade, o centro da questão para o filme vem a ser o amadurecimento de Jonathan e a busca de Gene por sua própria felicidade ao lado de Bunny.
Nesse sentido, é bastante curiosa a inversão que ocorre ao filme tornando protagonista aquele que em outros casos seria o alívio cômico (Jonathan) e colocando como coadjuvante o personagem que leva jeito para ser o principal (Gene).

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