Após a pra lá de bem-sucedida parceria entre
Paul Newman e Robert Redford à frente das câmeras, o faroeste “Butch Cassidy”
–contando ainda com a primorosa condução do diretor George Roy Hill atrás delas
–os envolvidos continuaram procurando novos projetos para realizarem juntos.
Para a sorte do público, isso até não demorou
muito: Poucos anos depois, lá estavam eles –os astros e o diretor –a entregar
este maravilhoso “Golpe de Mestre”.
Ainda fornecendo um travesso e afetuoso olhar
de simpatia ao papel algo glamourizado do contraventor –tal e qual “Butch
Cassidy” –mas, esperto o suficiente para contextualizar essa atitude das formas
mais brilhantes e relevantes possíveis, o novo filme saltava das pradarias e
circunstâncias ásperas do Velho Oeste para o ambiente não menos áspero, mas
infinitamente mais rocambolesco da Grande Depressão Norte-Americana: Um lugar
onde as noções de ricos e pobres se invertem ao sabor imprevisto das
intempéries daqueles tempos; e quem se sobressai são os ardilosos e malandros
que sempre guardam um às debaixo da manga.
É alguém assim que se julga ser Johnny Hooker
(Robert Redford, num papel brilhante ligeiramente mais relevante que seu
Sundance Kid no filme anterior), um rapaz compreendedor de todas as artimanhas
da trapaça, porém, ainda sujeito aos equívocos da inexperiência.
Essas características o colocam em rota de
colisão com Lonnegan (Robert Shaw, magnífico), um corrupto e poderoso figurão
cujo poder é tal que obriga Johnny a refugiar-se debaixo da asa de um notório
golpista, Henry Gondorff (Paul Newman, sensacional como sempre).
Unidos pelo antagonismo contra Lonnegan que têm
em comum, Johnny e Henry resolvem atacá-lo no terreno que mais dominam: O da
trapaça intrincadamente bem engendrada.
E o golpe que eles armam –materializado pela
narrativa no esplêndido terço final –é, em si, um show de suspense, uma obra de
arte de fina ironia e uma aula de cinema.
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